Muitas vezes, a vida se torna pesada e difícil de suportar.
E eu me sinto extremamente exausto, confuso e sufocado,
como que me afogando num abismo de águas profundas e negras.
Em momentos nebulosos assim, a dor da
solidão é mais perversa e tortuosa que as muitas linhas profundas a sangrar em meus braços.
Meus lúgubres devaneios são o clamor da vida prestes a ceder ao quase inevitável.
Mas meu esvair se na escuridão,
longe de ser desesperador, é pura placidez; mórbida, talvez, mas atenuante e profundamente apaziguadora,
suave como uma serena brisa do paraíso.
É em suma tudo que preciso para relaxar em meu etéreo padecer.
Vida esta que segue em penumbra, cercada pelo vazio e o som de ecos distantes, oriundos de minha alma
quase sempre entorpecida.
Meu tudo se resume a um absoluto nada.
Quem sou, no flagelo desta escuridão
Pode uma sombra existir sem a luz Qual a utilidade da luz sem a escuridão
Fui um dia talvez, um frágil clamor de vida que subitamente se esvaiu na solidão de sua própria ignorância