Venceslau
Com o carrinho cheio de frutas,
nas ruas, nas portas das casas das freiras
ele sonha em vender tudo o que colheu de manhã
Passam se as horas e o carrinho "inda" cheio
o faz pensar que o meio é entregar tudo
na barraca do hortelã
Ele acha que o hortelã não é muito certo
mas não sabe que dele perto, muito perto
também impera uma certa insanidade
É que ele nunca viu seu corpo ao chão estendido
numa convulsão que o faz perder o sentido
e até esquecer, anular sua identidade.
Mas sua mãe lhe espera
na janela daquela tapera que não abriga sonhos, somente realidade
Thereza, louca, chamada por muitos
ama, sente que o filho se esforça e seu intuito
é provar que ele sim é capaz de ser homem de verdade
Venceslau sentiu medo do hortelã
por isso andou muito, perdeu as sandálias logo de manhã
ao correr com seu carrinho pelas ruas e calçadas
Venceslau só não sabe
que o dinheiro das frutas entregue na volta às casas das freiras
é bem menos, muito menos do que pagariam as pessoas desvairadas.
20/04/2014 W.
Lira Franca