A grande força da democracia é confessar se falível de imperfeição e impureza, o que não acontece com os sistemas totalitários, que se autopromovem em perfeitos e oniscientes para que sejam irresponsáveis e onipotentes.
Governo xique xique, este que aí está.
Não dá sombra nem encosto.
Para a Nação, não dá.
Para os amigos, parentes e protegidos, presenteia com governadorias, senatorias biônicas, embaixadas, empréstimos e negócios.
Passa então a ser o governo sombra e água fresca.
É terrível o ofício dos que dependem da opinião pública.
Tantos são assassinados, crucificados, arruinados, frustrados.
Foi trágico o fim de Cristo, Kennedy, Garrincha, Marilyn Monroe, Elvis Presley.
Os Asilos dos Artistas testemunham as terríveis palavras: Sic transit gloria mundi
Na ditadura, à sombra de Marco Aurélio, pululam e ficam impunes os Calígulas sangüinários, os Torquemadas da Inquisição e da intolerância, os enxudiosos Faruks da corrupção.
A burocracia pode ser preguiçosa, descortês, incapaz e até corrupta.
Não é exclusivamente na Dinamarca, em qualquer reino sempre há algo de podre.
Rematada insânia tornar impublicáveis lacunas, faltas ou crimes, pois contamina de responsabilidade o governante que a ordena ou tolera.
A censura é a inimiga feroz da verdade.
É o horror à inteligência, à pesquisa, ao debate, ao diálogo.
Decreta a revogação do dogma da falibilidade humana e proclama os proprietários da verdade.
Não se pode fazer política com o fígado, conservando o rancor e ressentimentos na geladeira.
A Pátria não é capanga de idiossincrasias pessoais.
É indecoroso fazer política uterina, em benefício de filhos, irmãos e cunhados.
O bom político costuma ser mau parente.
Quando se tira o voto ao povo, o povo é expelido do centro para a periferia da história, perde o pão e a liberdade, o protesto passa a ser agitação e a greve rotulada de subversão.