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Tiago Proba

Um conto sobre a perfeição
Em uma pequena aldeia existia um ancião, muito sábio, o qual todos o chamavam de mestre.
Ele era muito respeitado por seus ensinamentos que eram repassados a outros, principalmente os jovens.
Certa vez, um jovem muito inteligente e perspicaz, buscou o mestre com uma grande dúvida a qual o angustiava muito:
Mestre, por que a perfeição é algo tão difícil de se alcançar
O mestre muito calmamente o respondeu:
E você saberia me dizer o que é a perfeição
O jovem pensativo, depois de alguns segundos em silêncio disse ao mestre:
Perfeição para mim é fazer tudo certo e no tempo certo.
Pois bem jovem, vou te convidar a fazer um exercício, talvez com ele você possa realmente saber ou confirmar se sua percepção sobre perfeição está correta, disse o mestre.
O jovem curioso logo se mostrou interessado.
E então o mestre continuou:
Vá para sua casa e amanhã nos encontramos, porém traga consigo um lápis e algumas folhas em branco.
Assim o jovem o fez.
No caminho para casa os pensamentos borbulhavam em sua mente:
Por que será que um grande mestre como ele não teria a resposta para o que busco E por qual motivo ele pediu que eu voltasse amanhã E ainda trazendo lápis e folhas em branco
E assim o jovem foi caminhando rumo a seu lar.
A noite chegou.
O sol raiou.
E o curioso jovem se preparou para o encontro com o mestre, conforme suas orientações: papéis em branco e lápis nas mãos e assim seguiu ao encontro do sábio.
Chegando a casa do mestre ele já aguardava o jovem, e pediu lhe:
Jovem, vejo que seguiu minhas orientações, e traz consigo os papéis e o lápis.
Muito bem!
O jovem olhava o mestre com muita ansiedade e então o mestre continuou:
Pegue um de seus papéis e seu lápis e desenhe para mim aquilo que nesse momento você considera perfeito.
O jovem com muita avidez pegou o lápis e o papel e desenhou uma mulher e entregou ao mestre:
Poderia me dizer quem é essa mulher jovem
É minha mãe mestre.
E por que sua mãe seria a referência de perfeição para você
Ora, porque ela é uma boa mulher, se dedica a família e cuida muito bem de todos.
O mestre com sua costumeira calma se dirigiu ao jovem:
E você já a viu errar
O jovem se pôs a pensar alguns segundos e respondeu:
Sim.
Uma vez a vi deixar o leite derramar ao ferver.
Pois bem jovem, sinto lhe dizer que sua nobre mãe não é perfeita, em alguns momentos ela se descuida.
Mas vamos continuar nossa tarefa.
Pense mais um pouco e pegue mais uma folha e desenhe um outro alguém ou coisa que te remeta a perfeição.
E lá foi o jovem se debruçar sobre o papel em branco e dessa vez desenhou uma criança e mostrou ao mestre.
O mestre olhou e perguntou:
És uma criança.
Quem seria
O jovem sem titubear respondeu:
Meu irmão de cinco anos.
O mestre então lhe questionou:
E essa doce criança já te desapontou
O jovem se pôs a pensar e respondeu:
Sim, ele já brigou com um amigo.
E assim o mestre se dirigiu ao jovem:
Perceba jovem que essa doce criança não é perfeita, pois já experimentou do gosto da raiva e com ela tentou ferir o outro.
Tente mais uma vez.
O jovem se debruçou sobre o papel empunhando seu lápis e assim surgiu uma paisagem.
Ele mostrou ao mestre e ele disse:
Uma linda paisagem! Podes me dizer onde é
A vista da janela de minha casa, disse o jovem.
E me diga querido jovem, essa paisagem representa a perfeição para você
Sim.
E por que Interrogou o mestre.
Porque é uma obra divina! Exclamou o jovem.
O mestre com muita calma se dirigiu a janela de sua casa e pediu ao jovem:
Então tenro homem, desenhe o que entendes por divino.
Com afeição assustada o jovem se manteve imóvel por alguns segundos olhando o papel.
Após um longo tempo ele disse ao mestre:
Mestre, sinto muito, mas não consigo!
O mestre com toda a serenidade disse:
Mostre me o que não consegue.
O jovem então expôs o papel puramente branco, sem nenhum sinal de grafite.
O mestre fixou o olhar no papel e então se dirigiu ao jovem:
Você acaba de saber o que é a perfeição, meu querido!
O jovem muito confuso questionou o mestre:
Mas como Eu não toquei o grafite do meu lápis no papel!
E o mestre com um leve sorriso ao rosto se aproximou do jovem e disse:
O divino é perfeito, por isso ele não tem forma, cor ou traços.
A mais pura perfeição está no papel em branco! Não há definições, nem traços! A perfeição pertence ao divino e não aos homens! Por isso a perfeição se torna um mistério desafiador para você meu jovem! Deseje viver, tenha compaixão, empatia e confie na força divina e deixe a perfeição por conta do universo!
Assim o jovem seguiu seu caminho com a resposta perfeita em suas mãos.