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Sheila Miquidade

Para o meu amigo que tem um amigo que perdeu a sua querida
Hoje escrevo para todos e para alguém especial, hoje escreverei sobre o meu país que carrega esperança através das suas cores, das suas pessoas e seus costumes.
O meu país não é velho nem novo, tem a idade do tempo, e o tempo sabe se lá que idade tem!
Hoje falarei para todos e para um amigo especial, que tem alma pura, que sente e sofre por todas nós, Mulheres e crianças, por todas mulheres que carregam no ventre o peso do amanhã e de África nos seus retalhos: família, trabalho, comida, prosperidade, tristezas, lutas, vitórias, derrotas, luxuria, vulnerabilidade, amores e desamores.
Mulheres que devem parir um macho para que elas sejam dignas de orgulho e sejam reconhecidas no clã como boas mulheres, o que é isso de ser boa Não entendo, mas continuemos, falo daquelas que são consideradas boas parideiras, a escolha acertada, bem vistas pela sogra, por aceitarem caladas e em dobro aquilo que elas viveram de mais amargo, como se de um troféu falássemos! A essas mulheres exige se um macho e se não vier que faça pelo menos filhos fortes e saudáveis! Se porventura fêmea pariri, não será renegada mas, será preterida, não será excomungada, mas, será olhada de lado, embora para os anciãos mais vale fêmea que pode parir que mulher estere, porque essa última será devolvida por seu ventre ser oco, ou por seu Homem não dar filhos (blasfémia, Homem que é Homem, sempre dá filhos! ! Dizem ).
Mas, meu amigo é de longe e não entende muito bem o tempo do meu país, mas ele tem compreensão apurada para o amor e a dor que são universais, por isso escreveu me que sentia muito o sofrimento das mulheres moçambicanas e eu compadeço dessa dor tamanha, nós mulheres, somos um megapixel no dito “mens world! ”, enfrentamos diariamente dramas socias e culturais, de afirmação, de posição e o pior de todos centra se na saúde! Meu país, que tem o tempo do tempo, também é doente, logo sua saúde física e espiritual também padece de males maiores, de cuidados intensos, de ligaduras, pois sofre constantemente de escoriações e de feridas expostas.
Hora vejamos, como se justifica que nos dias de hoje mulheres e crianças morram no parto O que nos falta para priorizar a vida, se ela é que será o garante de um Moçambique de um novo tempo De votos renovados e de esperanças e conquistas sábias
Quando o meu amigo me falou sobre este assunto, tentei perceber donde ele vem, para saber de onde sou.
Eu sou do lugar em que a história castigou sua evolução e que o presente castiga a sua afirmação e dignidade.
Ele vem de um lugar distante em que a saúde e a vida são prioridades e valores essências do seu país em que o tempo tem mais tempo do que o meu.
A vida lá, não é alienável, não porque não se morra, morre se sim de outros males, morre se de solidão, de solidariedade ao vizinho, de corrupção, entre outras coisas mas, não falarei disso agora e aqui, porque o que falo sobre o meu país é mais profundo, mas urgente, mais nauseabundo!
Assim, decidi pesquisar sobre tema, para falar com mais propriedade, para não ser leviana e quando começo a pesquisar deparo me com a seguinte manchete! “Em cada 100 mil nascimentos, 520 mães perdem a vida por complicações durante o parto no país.
Estes números são constrangedores, quando comparados à realidade europeia (aqui acrescento não se trata de comparar, não está bem e pronto! Pois vidas não se comparam! ), onde morrem apenas 5 a 6 mulheres durante o parto.
O problema deve se à falta de unidades sanitárias.” ( ) “todos os anos, cerca de 86 000 crianças recém nascidas morrem antes de completar o seu primeiro ano de vida, e outras 38 000 morrem antes de atingir os cinco anos – quase 340 todos os dias”.
Queridos amigos moçambicanos, vamos olhar para dentro de nós e acordarmos para esta realidade, vamos lutar por um melhor Moçambique, como mais dignidade, com mais saúde e com mais esperança, vamos exigir uma correcta aplicação dos nossos impostos, vamos ser participativos e donos dos nossos destinos e bater o pé quando o que não for certo alienar o bem mais precioso que temos a VIDA!
P.s.
querido amigo, que te quero tão bem, um abraço meu ao teu amigo, talvez tu longe onde te encontras poderás dedicar um pouco do tempo para ajudar o meu país que é novo no seu tempo mas velho nos seus lutos!
Inn Sheila Miquidade, Maputo, 10 de junho de 15.