MÃE, MINHA EVA MARGARIDA
Ainda sinto falta
Dos ruídos daquela máquina
A costurar nas madrugadas
As primícias do teu trabalho.
Adorava te fazer companhia
Naquelas tardias noites caladas,
Onde o silencio, amiúde,
Era rompido pelo som da zig zag.
Abria a porta da sacada
E ficava a olhar o céu,
Até os raios da aurora fazer adormecer
A última estrela, a d’ alva.
E aos pés daquela máquina,
Quando os hinos cantarolavas,
Eu via o píncaro da tua emoção
Se converter em serenas lágrimas.
Mãe, minha Eva Margarida,
Como você faz falta;
A máquina ainda está aqui,
E tão cedo encerrastes a batalha.
Mãe, minha Eva Margarida,
Para sempre cairá de saudade a lágrima;
Mas, em tudo que almejo e faço,
Inspiro a ti a jornada.