Passo agora da vida horas
Mirando a caixa de luzes
E contando letras pra extravasar
Vejo me trincar a face ao mundo
Como uma barra de chocolate
E não sinto sabor algum que tem vida
Pois não se sente gosto com os olhos
É preciso apalpar junto ao rosto
Mastigar, engolir, deitar fora sobejos
Mas a hipnose da caixa de luzes
Faz me acreditar que tenho o bastante
Que não vale a pena o risco de viver
Alem do meu gasto horizontes
Que morrer em cima do rastro
É uma dádiva imerecível
O anonimato é uma benção
E a dor incondicional a estrada
Lembro me além da curva
Chame de medo ou covardia
Pois volto o rosto pra meus dedos
Condicionados a três letras
O mundo, a teia e a amplitude
Preso como mosca na rede
No epicentro do mundo
Nos espelhos que ocultam faces
Que a mascara me seja leve
Que vida me seja menos ríspida