O desafio não é mais escrever isso ou aquilo.
O desafio é viver o que se escreve
ou aquilo que quer ser escrito.
Há um desejo que pede,
anseia,
esperneia,
exigindo registro.
É desafio da vida
que busca a fenda,
a réstia,
a luz,
a brecha de mim escondida.
O braço se estica, mas não alcança a chave
que está lá lá bem lá
presa no cinto do carcereiro.
E, a cada noite, o dia vira morte não escrita.
Aí dentro, aqui dentro,
você se cansa da espera.
Eu sei que se cansa.
Vejo seu cansaço fechando o portão,
a porta, a janela.
Mas não quero ver a chama que me chama
ceder à gota d’água,
aquela que trará nuvens de cinzas.