Não é bastante ter ouvidos para ouvir o que é dito.
É preciso também que haja silêncio dentro da alma.
Daí a dificuldade
Continuaram a acariciar se sem desejo e atormentando se com as súplicas e as recordações.
Saborearam a amargura de uma despedida que pressentiam, mas que ainda podiam confundir com uma reconciliação.
Nietzsche disse que só existe uma pergunta a ser feita quando se pretende casar: ‘continuarei a ter prazer em conversar com esta pessoa daqui a 30 anos ’.
Nós não vemos o que vemos, nós vemos o que somos.
Só vêem as belezas do mundo, aqueles que têm belezas dentro de si.
Na saudade descobrimos que pedaços de nós já ficaram para trás.
E descobrimos, na saudade, uma coisa estranha: desejamos encontrar, no futuro, aquilo que já experimentamos como alegria, no passado.
Só podemos amar o que um dia já tivemos.
Buscamos, no outro, não a sabedoria do conselho, mas o silêncio da escuta; não a solidez do músculo, mas o colo que acolhe.
Quem sabe que o tempo está fugindo descobre, subitamente, a beleza única do momento que nunca mais será