Rita Leston

Não deixes para amanhã o beijo que me podes vir dar hoje.
Beijo, hoje

Há coisas tão simples que nos dão um sorriso que perdura.
Hoje tal como ontem o meu sorriso é teu.

Respirar fundo primeiro.
Aguardar a calmaria das emoções.
Assentar as poeiras que levantamos.
Não prometer, não responder, não decidir.
Só respirar fundo.

Basta um abraço.
Nada mais que o silêncio de um abraço.
Bastam uns braços.
Os teus braços ao meu redor.
Nada mais que a força do teu abraço em mim.
Basta um abraço.
Um abraço que tudo acalma.
Uns braços que nos protegem.
Uns braços que nos envolvem e seguram.
Que nos aquecem e acalmam.
Basta um abraço.
O teu.
Em mim.

Apenas três coisas para uma noite descansada: ter te aqui; ter o teu beijo de boa noite; ter os teus braços para me aninhar.
Adormecer assim.
Sem mais.
Na calma e no silêncio da noite.
Apenas uma para acordar feliz: continuares aqui pela manhã.
Vamos dormir, meu amor
Acorda me bem cedo com um beijo.

Hoje tenho mesmo, saudades tuas.
Saudades mesmo!!!
Daquelas saudades que nos desarrumam as ideias.
Que revolvem lembranças e sacodem a memória.
Saudades que se sente na pele e que nos moem por dentro.
Tenho saudades tuas.
Saudades desse abraço enorme que me envolve por completo.
Saudades desse olhar de miúdo que me derrete.
Saudades do nosso riso e das nossas conversas sem fim.
Hoje tenho saudades tuas.
Mesmo!!!
Saudades de ti.
Saudades de nós

Definir saudade Não consigo.
É dos sentimentos mais avassaladores que existem.
Como se descreve o vazio O silêncio A ausência O pedaço de nós que se ausentou
Saudades não é só sentir falta de alguém.
É sentir a falta de alguém em nós.
Dentro de nós.
É ter saudades de nós com alguém.
É o estar por estar, e o ser por ser.
Como se traduz em palavras aquilo que a saudade corta sem nada nos tocar.
Que fere.
Que magoa.
Que esvazia.
Que ecoa.
Que enlouquece.
Nada disto se assemelha à saudade que sinto.
São pequenas as palavras que a descrevem.
Definir saudade Não me é possível.
Talvez por a sentir tão em mim.
Talvez porque me toque na pele todos os dias.
Saudades.
Infindas.
Sempre!

Somos bagagem.
Somos feitos de coisas que trazemos da vida.
Carregamos connosco todas as alegrias e desventuras que já conhecemos.
Todas as lágrimas choradas e todos os risos sinceros.
Todos os tombos que demos e as nódoas negras que os recordam.
Todas as vitórias conseguidas e o suor que as fez alcançar.
Todos somos bagagem.
Pedaços de coisas que conquistámos.
Fragmentos de experiências.
Peças de um todo, que sozinhas não fazem sentido.
Todos trazemos bagagem.
Malas cheias de sonhos.
Caixas com sorrisos.
Pacotes de tristezas.
Sacos com saudades.
Caixotes com conquistas.
Todos temos bagagem.
Emocional.
Material.
Sensorial.
Somos bagagem.
E precisamos de que o outro esteja disponível para nos ajudar a desempacotar caixotes.
Mas, antes disso, precisamos de estar disponíveis para aceitar a bagagem do outro.
Somos bagagem.
Eu e tu.
E, a tua bagagem, é como se minha fosse.
Basta entrares e pousares as malas.
E recostares te.

Metade de mim apetece lhe o abraço.
A outra metade levanta a cabeça e segue o caminho.
Metade de mim quer sofá e aquela música.
(O Vento)
A outra metade decide antes ir passear.
Metade de mim quer ouvir a tua voz.
A outra metade desliga o telefone.
Metade de mim apetece lhe o beijo.
A outra metade decide ignorar.
Metade de mim apetece lhe parar.
A outra metade obriga me a continuar.
Metade de mim quer esquecer te.
A outra metade obriga me a lembrar.