( ) Quando o sol sossegava e começava a querer fugir do que causou, vinham então as estrelas, tão espertas.
Propunham brilhar se todas e entreter os dois, fazê los amolecer com o frio da noite e dizer bobagens quaisquer para esquecer o que se passava.
não dava.
As estrelas deles vinham separadas, também.
Por oceanos, terras, mares, rios, planetas, ventos, tudo.
Era muito longe.
Ele cá, ela lá.
Doía de novo.
A noite propunha sacanagem e desgosto de estar só.
Mas ao final só sobrava o segundo e a certeza de que era mesmo a maior sacanagem da história estarem sem poder se tocar, daquele jeito
Aí pensavam em largar tudo, em largar trabalho, escola, família.
Em se largar em nome do outro.
E desistiam.
Doía.
Enquanto um amanhecia, o outro adormecia e seguiram os dias com essa brincadeira de gato e rato que nunca se encontram.
Ficavam assim, então: sobrevivendo a cada dia e esmorecendo a cada noite.
Lutando contra o medo do mundo e o medo deles mesmos, por estarem em mundos tão diferentes por hora, agora, pra sempre, quem sabe Não sabiam.
Tentavam acreditar numa mudança, num descaso do destino que insistiu em manter lhes assim, um descuido que deixasse um deles passar, fugido.
Tentavam fugir da verdade e se encontrar um no outro, mas se perdiam.
Estavam perdidos.
Nos dias quentes, nas noites longas, na espera fria.
Só sei que doía.”