Saiu e a garoa virou chuva.
Bosta.
Correu até o outro lado.
Correu até o ponto do táxi.
Correu até a porta de casa.
Correu até a cama.
O salto alto foi para mão, calçada esburacada com sapato fino não era pra ela.
A garoa acabou com seu penteado, o vestido ganhou ares úmidos.
Ela cheirava a chuva e derrota.
Quando eu era pequeno, eu queria ser um ator mirim.
Talvez o Cruj ou as Chiquititas influenciaram esse sonho, não sei, mas foi ele que eu recordei hoje.
Porque, pra mim, ator era aquele que vivia várias vidas além da sua, e eu nunca quis ser um só.
Tem dias, como hoje, que eu me pego querendo fugir.
Porque eu me sinto a vítima da rotina, essa aranha invisível que prende as pessoas nas suas teias chamadas prazos.
porque eu não sei disfarçar as verdades que penso.
sim, eu prefiro o silêncio.
e mesmo que as coisas pareçam ter mil interpretações, e mesmo que eu não deveria ou não poderia
E por mais que eu sinta vontade de falar, eu sei que eu ando me expressando tão errado e sei que as pessoas andam me entendendo tão errado.
Silêncio.