“Está falando comigo ”.
Não.
Ele não estava falando com o primo.
Tão pouco falava sozinho.
O garoto falava com o celular, ainda aberto na mensagem mais recente de sua paixão.
Aquela que ele nem ao menos conhecia, senão dos poucos momentos em que acordado sonhava.
Mas que ama e tem mais próxima do que qualquer outra pessoa que lhe possa dar bom dia e vê lo sorrir.
Dissipava suas horas e mais horas.
Relia as mesmas mensagens que chegava até decorá las.
Se alguém se aproximasse curioso, ele inventava uma desculpa qualquer.
“Mensagem de operadora”.
Como se fosse fácil acreditar que créditos expirados pudessem causar tanta alegria.
Um sorriso timidamente falso que sempre escondeu no canto dos lábios um único segredo.
Ele jamais falou de amor, de paixão, de romantismo.
Nem ousaria.
Mas sempre falou “dela”.
Mas ela ainda está longe.
Não importa o quão perto venham as certezas, tudo é muito inalcançável.
É como se uma dor, cruel e ao mesmo tempo gentil, se mesclasse a um sentimento tão bonito.
“Isto é amor ”