CADEIRA CATIVA
O ser humano diz amar liberdade.
Tanto, que sua perda é punição.
Mas muitos de nós, na verdade,
Arquitetamos nossa própria prisão.
É que “ser livre” para você
Pode não ser o mesmo pra mim.
Há prisões que não se vê
Que também são agonia sem fim.
Há prisões cheias de bandidos.
E muitas prendem homens de bem.
Mas os cárceres mais escondidos
Tomam sua mente refém.
Não sei qual tipo é pior,
Mas na mental não terás um vizinho.
Mesmo cercado de gente ao redor
Estará profundamente sozinho.
Nada mal se apiedar do apenado.
Mas antes, siga um pequeno conselho:
“Reconheça o prisioneiro acanhado
Que você enxerga no espelho”
Pois o que você e eu percebemos,
Há tempos em que é tão rara!
A liberdade, que há muito perdemos,
Para ter de volta, ela é cara
É irônico, pois cabem fisicamente
Numa só prisão, muitos párias.
Mas nos domínios da mente,
A prisão não é uma, são várias!
Tentei encontrar a chave
Para ser livre entre os mundos,
Mas essa clausura é tão grave
Que adentrei a níveis profundos
Cansado e sem mais a fazer,
Minha própria chave inventei:
Criatividade para mim é lazer.
Então minhas prisões adornei.
Pois tal como passarinho,
Por muito tempo fechado,
Se liberto, está fora do ninho.
Prefere não ser libertado
Podes experimentar a condicional,
Repousando em sono profundo.
Mas a liberdade total,
Lhe garanto não ser deste mundo.
Então nas boas prisões,
Me enclausuro por hora.
Tentando aprender minhas lições,
Por que das ruins, estou fora!