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Onecina Alves

Eu me tranquei no banheiro.
Respirei fundo.
Dei meia volta e olhei fixo no espelho.
Maldita seja, eu disse a mim mesma.
Maldita minha aparência, maldita minha cabeça com esses pensamentos auto destrutivos, malditas as pessoas que falam dos demais como se suas palavras fossem armas de brinquedo, que não ferem.
Malditas as garotas, lindas, magras, carismáticas e livres que se permitem ser tudo e fazer o mundo crer que elas são a melhor escolha.
Malditos os homens que não entendem que muitas dessas mulheres são um frasco vazio, enquanto por aí, existem tantas mulheres lindas por dentro, esperando florescer como os lírios, esperando ser descobertas, esperando ser observadas.
Maldito o momento em que decidi ancorar novamente minha vida, em vez de usá la como um meio para conseguir o que quero.
Maldita minha confiança que me faz pensar que nada vai querer me prejudicar e ao final, sempre tem alguém disposto a fazer isso.
Maldita a hora em que me apaixonei por homens de lixo que me deixaram quebrada em mil pedaços outra vez, como se não se importassem, como se eu não fosse humana.
Maldita hora que paramos de amar a nós mesmas, e não apenas o que vemos refletido no espelho, mas também quem somos quando estamos sozinhas.
Maldito o relógio que está correndo e eu aqui trancada, sabendo que tenho que voltar e não chorar, sabendo que não devo falar sobre minha vida, pois ninguém quer saber.
Apenas sorrir, isso devo fazer, sorrir com essa maldita máscara que escolhi.
Silêncio.
Tudo está aqui, em meus olhos, esses que olho todos e ninguém, absolutamente ninguém.
Ninguém vê nada.