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Nicola Vital

MÁSCARA:
Sob sol a pino, em meio à multidão,
O astro de face dupla, feições interrogativas e sorriso pálido,
Em um ritual
Em instantes nos transporta ao mundo surreal.
Mergulhados nos movimentos rítmicos do artista.
De tal forma a levitarmos, migrar à outra dimensão.
Regressei ao espelho onde meu pai extraia sua pele
No silêncio de repetitivos movimentos verticais da gillete.
Que me gritava indagações ao futuro!
Assim se ouvia à expressão corporal do mambembe
Que cantava, encantava e decantava sua alma.
Não ouvia se o som de sua voz,
No entanto bastava para compreender suas palavras simplórias e silenciosas,
Que me transportara à àquele mundo de imaginações.
Ante a mimica que nos expressava explicita tristeza,
Nas exclamativas lagrimas que borrava sua pele,
Nas piruetas a expressar pérfida alegria.
Nos movimentos lentos e circulares das mãos
Encenando a mulher que carrega outra pessoa.
Naquele instante, todos nós, éramos um só,
Não se ouvia as agruras do realismo
Em meio à multidão, me senti único, envolvendo me visceralmente.
Ao fantástico mundo dos mitos.
Pois que o artista deixara seu corpo cair inerte nos sugerindo a viagem.
Ato continuo, com a sutileza de uma pluma, recobra a vida pondo fim ao rito.
Decido ficar um pouco mais e assistir ao encantado ato do mambembe
Despindo se, traveste se de sua pele natural e segue seu mundo real na busca de novo ritual.
Suspendi meu olhar vislumbrando o iluminado ser em seu mais fútil personagem.
Um rosto a mais na multidão.
Sem fala, sem cara e sem canto
E definitivamente me perguntei: O que seriamos sem esses mitos e seus rituais

NÃO GOSTO DO “NATAL”!
Natal ! Teoricamente nos remete à vida, nascer.
No “natal” aproveitamos para sonhar uma vida melhor para si ou para aqueles que durante todo o ano nos eram invisíveis.
Os excluídos na “roda dos expostos”.
E por que só no “natal” nos tornamos solidários, atenciosos e afáveis Porque não há “natal” em todos os lares, etnias e nações E só nesta data param se as guerras e os “Homens” se abraçam quando todo dia é dia de “natal” Será que ao celebrarmos damos a ele a roupagem que o momento reivindica
Podemos então afirmar.
Claro que não! Colocamos o nascimento do Cristo tão somente como pano de fundo para uma data criada pela “burguesia para a burguesia”.
Pois todo ano a cada "natal" JESUS morre de fome na África e nas periferias da "burguesia" ante às mesas fartas de suas festas privadas e regadas à finas bebidas.
No entanto contextualizamos o momento para explicitarmos nosso Ego, nossas Predileções.
Será que no íntimo a cada “natal” não cuidamos prioritariamente dos nossos desejos frustrados durante doze meses
É de bom alvitre dizer.
Passamos pelo tempo sem ver o tempo! Assim como passamos por nossos amigos, irmãos e semelhantes, frustrando os de um singelo abraço, salvo, em dia de “natal”.
Sob um simbolismo do novo, comemoram se tudo que passou.
O ano que para alguns fora “bom” ou “ruim” para outros.
Então, você já parou para pensar em que contexto se realiza o “natal” É certo dizermos que na pratica existem os que encontram nesta data a espera ansiosa de seus ente queridos para a tradicional reunião familiar a fim de “matar” saudades, em outros casos, para aparar algumas arestas.
Saldo daquele ano “ruim”, mais corriqueiramente na seara política, dentre outras.
Há também os que pleiteiam ostentar “poder”.
Seja financeiro, político, religioso e Etc.
Por essas e outras, devemos repudiar a hipocrisia deste “natal”.
Todavia é de bom senso nos perguntar.
Quantas criança Sírias Não possui Natal todo dia o ano todo Quantas ALEPPOS não veem as luzes natalinas se não das balas traçantes que cortam os céus e os sonhos de suas “Velhas Crianças” todo dia o ano todo Quantos bons “velhinhos” descem às lareiras dos muitos campos de refugiados em todo o mundo todo dia o ano todo Quantas “Crianças Velhas” asiladas sem “papai Noel” em que todos os seus natais são tristes e findos
Enquanto adornamos o “natal” com “carinhas de anjo” e luzes natalina, ALEPPOS Sepultam seus “Anjos sem Cara” sob as luzes das balas que cortam os céus!
“Papai Noel” não é um bom velhinho!!!
Ele mentiu pro meu Pai! Esperei lhe por toda a noite o ano todo e ele não veio.
Meu Pai em lagrimas me falou que seu trenó não pode subir à favela Só agora posso compreender que também mentiu para cessar meu sofrimento.
Por isso em não gosto do “natal”.