Todo dia eu acordo e já não realmente importa se agora é a faculdade o que antes era a escola.
Continua sendo sempre a mesma coisa, o mesmo dia.
Se por descaso ou por faltas, as notas não vão bem, em casa não faz diferença, ninguém espera que eu vá mais além.
Eu não entendo esse vazio tão cheio, a agonia da falta de não ter.
E eu não sinto e não entendo o meu presente.
Não quero aquilo que não posso escolher.
Minha mãe, sempre ocupada, só me encontra quando vai fazer as unhas ou o cabelo no salão.
E o meu pai acha que se eu tivesse nascido homem, o estudo importaria bem mais do que a boa educação.
E a empregada acha estranho minha maneira de conversar, mas sabe que é só com ela que eu sou sincera ao falar.
No fim de semana quando eu saio, eu procuro coisas novas.
Novas drogas, novos homens, pra tentar me fazer sentir.
E quando já é de manhã, e eu volto pra casa, não há nada além de lágrimas, não há palavras pra exprimir.
Então eu choro, choro e tento entender o que acontece Mas eu não entendo.
(Adap.
Madalena Unidade Imaginária)