É um fenómeno curioso: o país ergue se indignado, moureja o dia inteiro indignado, come, bebe e diverte se indignado, mas não passa disto.
Falta lhe o romantismo cívico da agressão.
Somos, socialmente, uma colectividade pacífica de revoltados.
Tantas formas revestes, e nenhuma
Me satisfaz!
Vens às vezes no amor, e quase te acredito.
Mas todo o amor é um grito
Desesperado
Que apenas ouve o eco
Mas, francamente: fé em quê Num mundo que almoça valores, janta valores, ceia valores, e os degrada cinicamente, sem qualquer estremecimento da consciência Peçam me tudo, menos que tape os olhos.
Bem basta quando a terra nos cobrir!
Olhei noutro sentido, e pude, deslumbrado,
Saborear, enfim,
O pão da minha fome.
Liberdade, que estais em mim,
Santificado seja o vosso nome.
Só havia três coisas sagradas na vida: a infância, o amor e a doença.
Tudo se podia atraiçoar no mundo, menos uma criança, o ser que nos ama e um enfermo.
Em todos esses casos a pessoa está indefesa.
Recomeça se puderes, sem angústia e sem pressa e os passos que deres, nesse caminho duro do futuro, dá os em liberdade, enquanto não alcances não descanses, de nenhum fruto queiras só metade.
A vida afectiva é a única que vale a pena.
A outra apenas serve para organizar na consciência o processo da inutilidade de tudo.
Mais um ano.
Mais um palmo a separar me dos outros, já que a vida não passa de um progressivo distanciamento de tudo e de todos, que a morte remata.
Agora,
o remédio é partir discretamente,
sem palavras,
sem lágrimas,
sem gestos.
De que servem lamentos e protestos,
contra o destino
A maior desgraça que pode acontecer a um artista é começar pela literatura, em vez de começar pela vida.