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Matthew Kelly

A Arte da Correção
Certo dia eu andava com meu irmão Mark pelo supermercado em que ele era gerente.
Ao passar por um dos corredores, vimos um adolescente que repunha mercadorias em uma prateleira.
Meu irmão parou, olhou para ele, depois virou se para mim e disse: “Me dá licença um instante, Matthew.
Será que você poderia me esperar no final do corredor ”
Enquanto eu me afastava, ouvi Mark dizer ao rapaz, de forma tranqüila, que ele não estava enchendo corretamente a prateleira.
Meu irmão se ajoelhou no chão do corredor, esvaziou a prateleira e demonstrou como enche la corretamente.
O tempo todo dizia coisas como “Não se preocupe, sei que você está começando”e “Um dia alguém também precisou me mostrar como fazer isso”.
Depois, Mark pediu ao rapaz para encher a outra metade do espaço da forma como ele havia acabado de ensinar.
Antes de nos afastarmos, meu irmão perguntou ainda ao adolescente como ele estava se saindo na escola, que time ele achava que iria ganhar o campeonato de futebol daquele ano e como estava sua família.
Aprendi uma poderosa lição naquele dia.
Mark é um mestre para lidar com pessoas; sua paciência é rara e extremamente preciosa.
A observação que ele fez ao rapaz não foi um julgamento, nem pareceu uma crítica.
Ele poderia ter simplesmente passado dizendo “Isto está péssimo! ” ou “Você é ignorante Está fazendo tudo errado! ”.
Teria sido extremamente destrutivo; Mark decidiu estimular o funcionário a fazer melhor, em vez de humilha lo.
Precisou desmontar uma parte do trabalho, mas não precisou desconcertar o rapaz.
Existe, pois, uma diferença entre correção e crítica.
Mark decidiu corrigir seu funcionário de uma forma instrutiva, lembrando lhe que todos nós precisamos que alguém nos ensine como fazer.
E me pediu para esperar a uma certa distância porque “nunca se deve corrigir um empregado na frente de outra pessoa, pois isso fere a sua auto estima”.
Mark usou a correção para estabelecer um vínculo com seu empregado, interessando se por aspectos da vida dele.
A arte de corrigir as pessoas sem criar batalha de egos é uma ferramenta valiosíssima nos relacionamentos.
Do livro “Os sete níveis da intimidade”

Julgamentos precipitados
Um dia eu estava conversando com amigos numa sorveteria, quando uma mulher com quatro crianças entrou na loja.
As crianças fizeram uma algazarra, gritando, berrando e provocando uma confusão generalizada.
O que mais me chocou foi ver a mãe completamente alheia à perturbação que os filhos estavam causando.
Por fim, não consegui me conter.
Levantei me, fui até onde ela estava sentada e falei: “A senhora não acha que deveria pelo menos tentar controlar seus filhos ” Ela ergueu os olhos esgazeados para mim, depois olhou para as crianças e disse: “Me desculpe.
Acabamos de sair do hospital.
Meu marido morreu uma hora atrás e eu trouxe as crianças aqui porque não sabia o que fazer.”
Como você acha que eu me senti Somos muito rápidos para julgar pessoas e situações.
E nós as julgamos a partir de nosso ponto de vista, com base na nossa experiência de vida.
Tudo parece diferente dependendo do prisma pelo qual se está olhando.
É fácil criar o hábito de julgar.
Um diálogo interno baseado em julgamentos não cria nada, a não ser inquietação e insatisfação.
Um diálogo externo baseado em julgamentos destrói a comunicação honesta e aberta, porque ninguém quer ficar vulnerável diante de alguém que está sempre julgando.
Durante as próximas 24 horas, tente não julgar ninguém nem qualquer situação.
Dê às pessoas o benefício da dúvida.
Procure ver a situação do ponto de vista delas.
Pratique o não julgamento, ele incentiva a comunicação aberta e honesta, e gera intimidade.
O julgamento é um dos venenos mais capazes de matar os relacionamentos.
Comece cada dia com a afirmação “Eu hoje não vou julgar nada nem ninguém”.
Quando tentei fazer esse exercício pela primeira vez, fiquei atônito e encabulado com a quantidade de julgamentos que surgem na minha mente ao longo do dia.
Se você é assim, repita a cada hora, sem exceção: “Durante a próxima hora, não vou julgar nada nem ninguém”.
O caminho para a intimidade está completamente fechado para quem não se dispuser ao não julgamento.
Do livro “Os sete níveis da intimidade”

Abrace o mistério
Temos horror da incerteza e desperdiçamos quantidades enormes de tempo e energia tentando criar a ilusão de segurança, de controlar o incontrolável.
Amaldiçoamos o inesperado, porque ele atrapalha nossos planos, e não nos damos conta de que, com freqüência, ele traz consigo justamente o desafio de que precisamos naquele momento para mudar e evoluir.
Da mesma forma, não temos paciência com o mistério.
Se não podemos resolver ou provar alguma coisa, nós a ignoramos ou a desacreditamos, como se assim aquilo deixasse de ser real.
Contudo, “a vida não é um problema para ser resolvido, é um mistério para ser vivido”, como escreveu Kierkegaard.
Todas as pessoas e as verdades que nos rodeiam são mistérios a serem simplesmente aceitos, incentivados, vivenciados e desfrutados.
O mesmo acontece com os relacionamentos.
Os melhores participantes do mistério que chamamos “relacionamento” parecem ser as pessoas que não precisam entender tudo, que não estão querendo provar nada, apenas conhecer.
São as pessoas humildes o suficiente para aceitar quando estão erradas, que não têm interesses disfarçados, que não têm pressa, que não se vangloriam quando as coisas dão certo nem transferem a culpa quando dão errado.
Essas são as almas raras que conseguem manter os braços bem abertos e abraçar plenamente o mistério da vida, o mistério de amar e alegria de serem amadas.
É assim que uma árvore com raízes fortes é capaz de resistir a qualquer tempestade.
Comece hoje a reforçar as raízes de seus relacionamentos.
Gratidão, respeito e disciplina são três poderosas maneiras de firma los e alimenta los.
Mas lembre se também que mesmo as árvores mais fortes balançam quando o vento sopra.
Preveja as inevitáveis incertezas, encontre lições no inesperado.
As crises vêm para ajudar você em sua busca de crescimento.
Do livro: “Os sete níveis da intimidade”