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Mary Princess

Amor e ódio, por regra, estão interligados.
O ódio também é de pigmentação vermelha das lágrimas, dos olhos inchados, dos berros para o infinito, aqueles gritos que de tão altos te deixam rouco.
O amor semeou dúvidas, colheu indiferença.
O ódio já falou de amor.
O amor perdoou.
O ódio é um menino medroso que se julga adulto demais para reconhecer que errou, tanto que apenas uma vida não basta para oferecer rosas ao coração machucado, atordoante escarlate, arranhando as arestas que outrora foram poéticas, ainda que breves fossem os poucos versos de amor que nunca entregou, as bochechas ruborizadas entregavam todo o esforço.
O amor clamou por redenção porque uma vida não valia de nada sem aquele que com seu coração estava.
O ódio já se entregou por inteiro, exigindo o mesmo compromisso.
O amor é o caminho mais simples para a (não tão) inexplicável insônia filosófica, contendo as teorias de conspiração mais tragicômicas, nem Platão seria pioneiro ao definir tudo que o amor sabe e esconde nos manuscritos imaginários.
O ódio é a constante entre dia e noite.
Pressente o fim, não passou do começo.
O egoísmo proveniente da sensação de perda, quando o vazio abraçou mais forte que a própria mãe.
A oração que poderia ter libertado.
O telefonema ignorado.
Falso sustento no inexistente amor próprio.
Tudo ficou esclarecido a princípio, embora a conversa tenha tomado rumos tão desagradáveis que fica difícil especificar quem está com a razão.
O ódio vence pela brutalidade.
O amor não perde por esperar.
Puppy Love

Às vezes eu queria te odiar.
Porque te amo.
Porque queria sua atenção.
Porque queria receber um elogio seu.
Porque sinto ciumes.
Porque lamento perder o que não é meu.
Porque odeio ter de admitir que isso é ridículo.
Porque tenho medo de lutar.
Porque vencer o medo é um desafio.
Porque o pouco, poupando metáforas, é tudo que tenho.
Porque o pouco me envergonha.
Porque eu deveria desencanar.
Porque posso estar vivendo em vão.
Porque sua felicidade é minha dor.
Porque se triste você estiver, mais infeliz ficarei.
Porque eu queria ser esse alguém que mora em seu coração.
Porque queria ser seu primeiro e último pensamento.
Porque queria não pensar mais em você.
Porque não queria te associar ao amor.
Porque quando te abraçam eu sinto vontade de chorar.
Porque por você eu queria ser abraçada.
Porque eu queria te fazer sorrir.
Porque não sou a razão do seu sorriso.
Porque minha timidez me prende aqui nesses argumentos idiotas.
Porque eu não teria coragem de te dizer nada.
Porque eu tenho raiva de ser covarde e me esconder.
Porque fugir cansa.
Porque estou cansada de continuar calada.
Porque permanecer em silêncio pode ser melhor que a realidade.
Porque eu queria outra vida.
Porque talvez não seria legal outra vida, pensando bem.
Porque eu vivo um sonho solitário.
Porque viver assim machuca e disso você não tem culpa.
Porque eu queria que eu você tivesse.
Porque você nem sabe quem eu sou.
Porque eu queria que você soubesse.
E gostasse do que descobrisse.
Porque eu me sinto uma idiota por tanto querer.
Porque você não tem obrigação de ler.
Porque queria ser o verso que te toca.
Porque não sou melodia.
Porque sem asas não sou anjo.
Porque se pudesse seria.
Porque não está ao meu alcance coisa alguma.
Porque sou apenas eu.
Porque eu não sou a pessoa mais legal do mundo.
Porque meu mundo não tem graça sem você.
Porque eu sou uma criança egoísta que às vezes queria que você pensasse como eu.
Me esqueço de que te amo por não se parecer nem um pouco comigo.
Porque em você encontrei mais que uma companhia, inspiração.
Eu encontrei alguém com quem queria que comigo pudesse permanecer ao lado para sempre.
E o para sempre chega ao fim, como as frases todas.
Infelizmente não posso contra isso.
Porque o impossível é questão de enxergar ou não.
E diz o amor que o melhor se vive com os olhos fechados.
Então se estima o valor da lágrima.
Caindo de seus olhos eu chorarei também, não conseguirei resistir.
Porque eu sei que é amor.
Mesmo quando me dizem que tudo passa, eu sei, o amor viverá para sempre, ainda que você e eu já tenhamos partido.
Sem conhecê lo ou então nos iludindo com falsas sensações.
Porque é pertinente.
Porque apenas um passo resumiria esse poema em um beijo.
Porque a imaginação me leva ao inferno.
Porque é pecado não sentir.
Porque não me pertence o futuro.
Porque os versos ganham a forma que bem entenderem, depende de você.
De mim.
Desse momento.
Porque o coração desenhado no vidro embaçado contém seu nome, ainda que nenhuma inicial lá esteja.
Porque seu nome é a senha que acende as esperanças.
Porque eu simplesmente resumiria os porques com uma frase.
Porque eu gosto de complicar tudo.
Porque a saudade torna esta noite mais longa.
Saudade de recentes lembranças.
Sem organização.
Às vezes eu queria te odiar.
Por um minuto que fosse.
Porque um minuto se convertem em mil anos de amor e perdão.
Porque para quem ama o remédio é amar mais.
Porque o amor é o anticorpo do poeta.
Porque sem amor, desmoronariam se as invenções e as teorias seriam emaranhados de palavras confundindo minha mente.
Como a vontade de te odiar, com todo amor.