Ontem subi a rua sozinha, numa noite bonita e quente.
Sozinha.
Olhei pro céu e me saiu um sorriso no canto da boca.
Desacelerei meus passos e comecei a entender.
Até agora o que tinha dentro de mim era revolta.
Ódio, raiva, nojo, medo.
Desejo de vingança a dá novela das oito.
Penetrante como era, podia ver sua alma, podia em um único instante, mergulhar no azul dos seus olhos e sentir o sorriso deles cobrindo meu rosto enquanto eu dormia em seu ombro.
Saudade.
Caminhei mais um pouco e pude sentir sua mão segurando a minha.
Ouvi também a risada à toa.
Em meio às lembranças bobas, percebi que meus pés mal andavam.
Num passo preguiçoso, veio à tona no peito.
Cortou e rasgou.
A dor tinha voltado.
Voltou com tudo que tinha direito, com a saudade, a raiva dor é dor né
Eu que fui sempre tão decidida em minhas incertezas e duvidava das minhas próprias vontades.
Eu que sempre capenguei entre dois extremos, hoje sigo um rumo.
Os anos se passaram e eu falei: basta!