Medo de desavessar
Oh Deus, preciso de ajuda! Estou em crise.
Nasci avessada e agora me pego querendo desavessar.
Sempre considerei revolucionário o que ia contra os padrões impostos pela humanidade –que se sobrepõem ao amor divino.
Porém, agora penso que o padrão me parece exceção e a exceção me parece padrão.
Desde a infância bradava à liberdade do pensamento próprio.
Minha mãe diz que chorei em sua barriga e que nasci aos oito meses –isso pra mim já era meu SER se revelando avessado, quebrando regras, tabus.
A pressa em nascer talvez fosse a minha ânsia em gritar ao mundo que a coisa era de outro jeito –o jeito de cada um, nem o meu, nem o seu, o de cada um, que eu gosto de chamar de IDENTIDADE.
Nasci mulher num mundo de homens para provar isso –o que, como avessada que sou, me agrada e muito.
Porém, vejo que a mulher perdeu o foco do que é ser revolucionária se inserindo à banalização da promiscuidade masculina, comportando se como ele em campos fúteis como bebedeiras e orgias, e o homem não sabe mais ser conservador e dono da situação –flutua babaca ante o descontrole feminino.
Confesso que acredito ter conhecido um jovem homem, cujo o qual, se for exercido um cuidadoso e carinhoso trabalho, será um belo exemplar de um homem tão revolucionário quanto a mulher.
Isso me deu esperança, me animou muito –nem tudo está perdido.
E esse trabalho só pode ser desempenhado por uma mulher que não esteja corrompida (desavessada), que não tenha perdido sua característica natural, que é ser REVOLUCIONÁRIA.
Em meio a este caos encontro me confusa e propensa a me desavessar.
A visão feminina atual me desanima.
Me ajuda ó Deus! Meu filho precisa de mim para que o faça um homem revolucionário, como já aponta ser.
Não deixas que me corrompa diante do desalento, do cataclismo social, ó Senhor!