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Mar ia

Na poesia de minha vida cabe tudo, e outro tanto.
Encontro até um espaço pra falar de um não amor,
Avanço precavida.
Vou descalça meio temerosa,
Com receio em minutar, apenas enceto e pronto!
A caneta segue, escorrega, rabiscando esse papel,
Registrando meu legado, onde todo o fado se revela.
Não é caneta é teclado, e o telhado invés de céu
E nem papel desencarcero minha agonia nesta tela.
A vida te pega no laço,e quando vês já nos cercou.
Sempre há dor e punição a quem vacila nas escolhas!
E eis que os laços em barras de aço se convertem,
(E ao forçar saída, logo os calos vertem em bolhas).
O não amor não compreende vê sem ver e segue
Aperta o laço, junta as barras, me mantendo reclusa.
Até esse meu grito, esse desespero aflito, não escuta
Espera minha recíproca, inda que mil vezes lhe negue.
Em punição de quem comete erro, numa gélida masmorra,
Erro, há mesmo quem o diga Se inalar um querer é viver!
Presa de alguém insensível, que inda julga me sua posse.
Traz cativa quem não mais é tua, pertencente a outro ser!
Neste momento de trégua atendo meus dedos em pressa,
Em um pranto onde escorre, não lágrimas mas sangue.
Escrevo em lamúria, expondo minha sorte, minha injúria
Pois meu carcereiro, pra este frio cativeiro, logo regressa.
E ao tempo que o faço, sinto o aperto das barras de aço,
Em eterna resignação, recolhendo me, a pensar em Wilde
Em seus lindos versos, (leia os na “Balada do Cárcere”):
Assim como eu, ele apenas viveu sua história, humilde.
E agora, escravizada noutra história, faço tal seu prisioneiro
Que matou o ser amado, e sendo erro, e até mesmo pecado,
Submergindo me aos poucos, nesse meu mar de desgosto
Também visto a máscara no rosto, e nos lábios, o cadeado!