Regresso devagar ao teu
sorriso como quem volta a casa ( )
Distraído percorro o caminho familiar da saudade,
pequeninas coisas me prendem,
uma tarde num café, um livro
Temei, palavras de amor,
há por aqui muitos inimigos novos,
sobretudo lembranças,
e desconfia se de recém chegados,
sobretudo vindos de tão longe
e de sítios tão incertos.
que eu morra como um corpo
dentro do coração da luz do silêncio
que me cale que não viva nem esteja morto
transformo me no que me proponho a destruir
Aquele que quer morrer
é aquele que quer conservar a vida,
a tristeza daquele que fala ri se de tudo,
que sentido faz isto e que sentido não faz isto
Um espelho, um olhar
onde me ver;
um silêncio onde escutar
as minhas palavras; algo como uma vida para viver
Às vezes falo de coisas determinadas
afasto me irremediavelmente do silêncio do horror das cosas
Está tudo a acabar e a começar no entanto o peso da memória instala se em todas as coisas de dentro para fora
O meu trabalho é destruir, aos poucos, tudo o que me lembra.
Reflexão e, ao mesmo tempo, exercício mortal.