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Lilian Seiko Kato

Eles não ligam se você é austríaco, brasileiro ou japonês eles não se importam se você passou perfume ou se não toma banho há tempos eles não questionam a sua conta bancária, não reparam qual roupa você está usando, se fala tudo errado, se não tem um dente.
Não lhes interessa se você faz sucesso ou se foi tudo um fracasso.
Não importa se você ficou 6 meses sem dar notícias, sem ligar, sem contar nada.
Ou se você ligou pra perguntar se estão bem, se lhes contou as novidades.
O que lhes importa é que você esteja lá.
Que você faça um afago.
Que você chegue do trabalho e não ligue de eles te encherem de pelos por toda a roupa.
E de baba por todo o corpo.
Que você não feche a porta do quarto e os impeçam de estar ao seu lado.
Que, às vezes, você dívida com eles alguma coisa qualquer que esteja comendo e que não recusem o amor que eles querem dar.
Que lhes transbordam com uma magnitude imensurável.
Que você brinque um pouquinho com os brinquedos favoritos deles, e que, de vez em quando, saia dar uma volta pra eles marcarem o território pra você.
Apenas, o que lhes preocupa é estar sempre em sua companhia, até o fim de sua curta vida.
Você ficou longe, e eles sentiram falta de estar simplesmente ao seu lado até pra ir ao banheiro, todos os dias.
Eles só estavam esperando sentir o seu cheiro, não importa qual seja, escutar a sua voz, não interessa como soe, sentir o seu carinho, seja pouco ou seja muito, e poder lhes fazer companhia novamente, não pra ir em um restaurante caro ou um lugar badalado, mas pra te acompanhar por todos os cômodos da casa, pequena ou grande, cheia de móveis ou vazia, que custe milhões ou apenas alguns reais.
É assim que é o amor de um animalzinho tão incondicional quanto o de Deus, por nós.

Ter sensibilidade exacerbada é sentir o mundo inteiro através de todas as células do seu corpo ao raiar do dia.
É não saber dizer não na maioria das vezes, mesmo que o sim leve um pedaço de você.
É lutar a vida toda contra a própria generosidade, é preocupar se em não magoar o próximo com cada atitude, mesmo que você mesmo se magoe.
Ser sensível demais é chorar por coisas bobas, ao ver um vídeo de cachorrinhos ou ter uma discussão com seu irmão, e dizer pra todo mundo: “não ligue, as lágrimas são comuns no meu rosto, sou assim mesmo.” É sofrer com a energia ruim do outro, mesmo que ninguém mais a perceba.
É não conseguir ter inimizades, por não suportar simplesmente deixar pra lá qualquer situação mal resolvida, por não suportar a desarmonia de qualquer relação.
É prestar atenção no passarinho ao abrir as janelas, é sentir afeto até pelo rato que invadiu sua casa em busca de abrigo em dias de chuva.
É tentar evitar sem romântico demais, para não sufocar.
É sorrir sem motivo aparente o tempo todo, porque sentiu uma energia boa emanando de uma árvore, ou de uma borboleta que passou.
Ou se esconder embaixo das cobertas em situações tensas e conflituosas, com medo do mundo.
É estar cercado da companhia das pessoas, mas precisar de momentos a sós para se recuperar de tanta informação.
Não entender porque se sente tão cansado após uma reunião com os amigos.
É se magoar porque o porteiro não deu um bom dia, ou porque a criança no colo não lhe retornou o sorriso.
É simplesmente se magoar pelos detalhes esquecidos por muitos.
Ah, os detalhes é imaginar o esforço do seu amor em ir até uma loja revelar uma foto de vocês juntos e colocar em um porta retratos, e sentir se a pessoa mais feliz do mundo, mais valorizada do mundo, criando as cenas mais bobas em sua cabeça: ele cuidadosamente escolhendo a melhor foto dentre milhares, passando em um pen drive, pesquisando endereços na internet, escolhendo um porta retratos do seu gosto (qualquer um que ele escolhesse seria o mais bonito do mundo).
É viver a vida toda tentando ligar o “foda se”, mas apenas conseguir ligar o “eu me importo”.
É perdoar todo mundo, sabendo que irá se magoar outra vez.
É misturar sonhos, verdades, saudades, é ouvir uma música e imaginar o que estava sentindo a pessoa que a escreveu.
É gostar de melodias antigas e tristes, e de vestido de bolinhas rodado com meia calça colorida.
É ter memórias infindáveis quando sente um aroma conhecido.
A sua luta é contra si mesmo, e a mania louca de colocar tudo e todos em primeiro lugar, é se sentir egoísta por ganhar sozinho na loteria, é ter o mar e querer dividir com todos e ficar com um aquário.
É escutar muito antes de opinar, ou melhor, não fazer questão nenhuma de o fazer.
É querer dividir tudo, lágrimas de tristeza, lágrimas de alegria.
O sensível demais não conhece outra maneira de viver: vive para sentir, sente para viver.

Transformar se requer coragem.
Você vai enfrentar muitas batalhas físicas, mentais e espirituais conforme avançar no caminho estreito.
Vai pensar seguidamente o quanto seria melhor ter ficado como estava, onde estava, fazendo o que fazia.
Como os perdidos no deserto, vai desejar viver no passado onde tudo estava mais fácil, mais estável, mais tolerável.
Mudar requer perseverança.
Fé no que ainda você não pode nem ver ou vislumbrar.
Ouvir a voz interior requer retirar todas as camadas protetoras, que, para evitar que você sinta dor, te mantém em uma caixinha protegido.
E com frases badalando como um sino: não tente, não faça, você não é capaz, você vai passar vergonha, não tente ser o que você nunca poderá ser, fique onde está porque é o seu lugar, não dá, é muito pra você, nunca irá conseguir, deixa a gente aqui e tá tudo certo (gente é tudo o que faz parte de você: seu corpo, sua mente, sua alma, seu espírito e seu coração).
Se você for lá, só vai ter decepções.
Só vai sofrer quando perder.
Vai ter que voltar derrotado.
Essa voz é a sua mente medrosa, cheia de feridas e casquinhas protetoras.
Mas o o seu coração, ah, este carrega sonhos que nem mesmo você sabe de onde vem.
Este carrega a esperança enfraquecida debaixo de toda camada densa que você criou.
Este carrega a fé, que está abafada e adormecida, como uma semente que contém a vida mas não foi plantada ainda.
Nem cuidada.
Nem regada.
Este carrega a sua essência, missão e o seu verdadeiro eu.
Que pode até estar maltratado, ferido, cansado.
Mas se está batendo, ainda há uma chance.
Mas vai doer, vai machucar, parece que vai dilacerar.
O pânico vai vir.
E aí você precisará ter resiliência.
Pra lidar com as batalhas perdidas.
Com aquilo que você não poderá controlar.
Com as desilusões.
E aí sua mente virá com força: eu não falei pra você deixar a gente lá Coração teimoso.
Mas conforme você avançar pra frente, pra dentro de encontro com seu coração e espírito, e pra fora de encontro com o seu verdadeiro caminho, a vida estará dando um passo também até você.
Então, quando sentir se derrotado, lembre se de acordar no dia seguinte e pensar: hoje não precisa ser igual a ontem.
Lembre se da borboleta.
Quando ela é ainda uma lagarta, ela tem que ter coragem pra acreditar em sua transformação.
Ela tem que ter fé em algo que nunca viu e sentiu mas que existe dentro dela: a sua verdadeira vida, essência e missão.
Ela tem que parar pra ouvir a voz interior que diz quem ela é de verdade sem ao menos nem ser.
Ela está lá, não tão feliz e contente com sua vida rastejante, porém está acomodada e acostumada.
E dentro dela existe a sementinha do impossível.
Então, ela não tem ideia do que virá a acontecer.
Toma a decisão e começa a trabalhar.
Constrói seu casulo que a protege dos perigos externos.
E espera o tempo certo de sua metamorfose.
Ela não sabe como será, mas aguarda pacientemente e com resiliência.
Todo o processo dura um ano.
Um ano de intensas trocas.
De mudanças de estrutura.
De às vezes, nem se reconhecer mais.
A lagarta se desfaz por completo, apesar de sua essência, alma e espírito permanecerem.
Vira um emaranhado de proteínas, de células, de tecidos.
Talvez ela sinta saudades da sua vida passada.
Neste tempo, as coisas ficam paradas, lentas, parece que nunca vai acontecer nada.
Ela faz uma imersão profunda em si mesma, por completo.
Fora isso, enfrenta o frio, o vento, as chuvas, o sol, a escuridão.
Então, as suas células começam a se reorganizar.
A tomar forma novamente.
A crescer em outra direção.
O que acontece é que ela destruiu seu antigo eu para deixar o novo eu se formar, se organizar, se construir.
Ela matou tudo o que era velho para viver tudo o que é novo.
E aí ela está pronta, completamente.
Mas precisa se libertar! Precisa quebrar a casca, precisa ter coragem novamente! E se lá fora estiver frio E se for perigoso Como será E se eu não conseguir Ela precisa de coragem para sair do confortável, de onde está tudo quentinho, parado, bom e calmo.
Quanta decisão! E que decisão! Quanta determinação! Mas ela, finalmente, se deixa crescer.
Se deixa ir.
Se deixa ser.
Quebra a camada protetora, sente o ar puro e fresco que bateu.
Vai sentindo aquela sensação da liberdade.
E voa voa com encanto e beleza, tão linda e tão ela, flutua pelo mundo, sendo quem ela é, liberta de tudo, do passado, e do futuro.
Hoje recebi a visita desta borboleta da foto.
Ela me circundou por alguns segundos, depois pousou e se deixou admirar.
E tudo o que eu consegui observar é que a lagarta ainda está lá.
Ela nunca deixou de existir.
Mas agora, ela tem plenitude, ela é completa.
E vaga poraí, cumprindo seu papel verdadeiro, polinizando a natureza, equilibrando o ecossistema, e levando a mensagem do renascimento, da evolução, da bravura e da libertação.