Transformar se requer coragem.
Você vai enfrentar muitas batalhas físicas, mentais e espirituais conforme avançar no caminho estreito.
Vai pensar seguidamente o quanto seria melhor ter ficado como estava, onde estava, fazendo o que fazia.
Como os perdidos no deserto, vai desejar viver no passado onde tudo estava mais fácil, mais estável, mais tolerável.
Mudar requer perseverança.
Fé no que ainda você não pode nem ver ou vislumbrar.
Ouvir a voz interior requer retirar todas as camadas protetoras, que, para evitar que você sinta dor, te mantém em uma caixinha protegido.
E com frases badalando como um sino: não tente, não faça, você não é capaz, você vai passar vergonha, não tente ser o que você nunca poderá ser, fique onde está porque é o seu lugar, não dá, é muito pra você, nunca irá conseguir, deixa a gente aqui e tá tudo certo (gente é tudo o que faz parte de você: seu corpo, sua mente, sua alma, seu espírito e seu coração).
Se você for lá, só vai ter decepções.
Só vai sofrer quando perder.
Vai ter que voltar derrotado.
Essa voz é a sua mente medrosa, cheia de feridas e casquinhas protetoras.
Mas o o seu coração, ah, este carrega sonhos que nem mesmo você sabe de onde vem.
Este carrega a esperança enfraquecida debaixo de toda camada densa que você criou.
Este carrega a fé, que está abafada e adormecida, como uma semente que contém a vida mas não foi plantada ainda.
Nem cuidada.
Nem regada.
Este carrega a sua essência, missão e o seu verdadeiro eu.
Que pode até estar maltratado, ferido, cansado.
Mas se está batendo, ainda há uma chance.
Mas vai doer, vai machucar, parece que vai dilacerar.
O pânico vai vir.
E aí você precisará ter resiliência.
Pra lidar com as batalhas perdidas.
Com aquilo que você não poderá controlar.
Com as desilusões.
E aí sua mente virá com força: eu não falei pra você deixar a gente lá Coração teimoso.
Mas conforme você avançar pra frente, pra dentro de encontro com seu coração e espírito, e pra fora de encontro com o seu verdadeiro caminho, a vida estará dando um passo também até você.
Então, quando sentir se derrotado, lembre se de acordar no dia seguinte e pensar: hoje não precisa ser igual a ontem.
Lembre se da borboleta.
Quando ela é ainda uma lagarta, ela tem que ter coragem pra acreditar em sua transformação.
Ela tem que ter fé em algo que nunca viu e sentiu mas que existe dentro dela: a sua verdadeira vida, essência e missão.
Ela tem que parar pra ouvir a voz interior que diz quem ela é de verdade sem ao menos nem ser.
Ela está lá, não tão feliz e contente com sua vida rastejante, porém está acomodada e acostumada.
E dentro dela existe a sementinha do impossível.
Então, ela não tem ideia do que virá a acontecer.
Toma a decisão e começa a trabalhar.
Constrói seu casulo que a protege dos perigos externos.
E espera o tempo certo de sua metamorfose.
Ela não sabe como será, mas aguarda pacientemente e com resiliência.
Todo o processo dura um ano.
Um ano de intensas trocas.
De mudanças de estrutura.
De às vezes, nem se reconhecer mais.
A lagarta se desfaz por completo, apesar de sua essência, alma e espírito permanecerem.
Vira um emaranhado de proteínas, de células, de tecidos.
Talvez ela sinta saudades da sua vida passada.
Neste tempo, as coisas ficam paradas, lentas, parece que nunca vai acontecer nada.
Ela faz uma imersão profunda em si mesma, por completo.
Fora isso, enfrenta o frio, o vento, as chuvas, o sol, a escuridão.
Então, as suas células começam a se reorganizar.
A tomar forma novamente.
A crescer em outra direção.
O que acontece é que ela destruiu seu antigo eu para deixar o novo eu se formar, se organizar, se construir.
Ela matou tudo o que era velho para viver tudo o que é novo.
E aí ela está pronta, completamente.
Mas precisa se libertar! Precisa quebrar a casca, precisa ter coragem novamente! E se lá fora estiver frio E se for perigoso Como será E se eu não conseguir Ela precisa de coragem para sair do confortável, de onde está tudo quentinho, parado, bom e calmo.
Quanta decisão! E que decisão! Quanta determinação! Mas ela, finalmente, se deixa crescer.
Se deixa ir.
Se deixa ser.
Quebra a camada protetora, sente o ar puro e fresco que bateu.
Vai sentindo aquela sensação da liberdade.
E voa voa com encanto e beleza, tão linda e tão ela, flutua pelo mundo, sendo quem ela é, liberta de tudo, do passado, e do futuro.
Hoje recebi a visita desta borboleta da foto.
Ela me circundou por alguns segundos, depois pousou e se deixou admirar.
E tudo o que eu consegui observar é que a lagarta ainda está lá.
Ela nunca deixou de existir.
Mas agora, ela tem plenitude, ela é completa.
E vaga poraí, cumprindo seu papel verdadeiro, polinizando a natureza, equilibrando o ecossistema, e levando a mensagem do renascimento, da evolução, da bravura e da libertação.