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Lilian Seiko Kato

Ter sensibilidade exacerbada é sentir o mundo inteiro através de todas as células do seu corpo ao raiar do dia.
É não saber dizer não na maioria das vezes, mesmo que o sim leve um pedaço de você.
É lutar a vida toda contra a própria generosidade, é preocupar se em não magoar o próximo com cada atitude, mesmo que você mesmo se magoe.
Ser sensível demais é chorar por coisas bobas, ao ver um vídeo de cachorrinhos ou ter uma discussão com seu irmão, e dizer pra todo mundo: “não ligue, as lágrimas são comuns no meu rosto, sou assim mesmo.” É sofrer com a energia ruim do outro, mesmo que ninguém mais a perceba.
É não conseguir ter inimizades, por não suportar simplesmente deixar pra lá qualquer situação mal resolvida, por não suportar a desarmonia de qualquer relação.
É prestar atenção no passarinho ao abrir as janelas, é sentir afeto até pelo rato que invadiu sua casa em busca de abrigo em dias de chuva.
É tentar evitar sem romântico demais, para não sufocar.
É sorrir sem motivo aparente o tempo todo, porque sentiu uma energia boa emanando de uma árvore, ou de uma borboleta que passou.
Ou se esconder embaixo das cobertas em situações tensas e conflituosas, com medo do mundo.
É estar cercado da companhia das pessoas, mas precisar de momentos a sós para se recuperar de tanta informação.
Não entender porque se sente tão cansado após uma reunião com os amigos.
É se magoar porque o porteiro não deu um bom dia, ou porque a criança no colo não lhe retornou o sorriso.
É simplesmente se magoar pelos detalhes esquecidos por muitos.
Ah, os detalhes é imaginar o esforço do seu amor em ir até uma loja revelar uma foto de vocês juntos e colocar em um porta retratos, e sentir se a pessoa mais feliz do mundo, mais valorizada do mundo, criando as cenas mais bobas em sua cabeça: ele cuidadosamente escolhendo a melhor foto dentre milhares, passando em um pen drive, pesquisando endereços na internet, escolhendo um porta retratos do seu gosto (qualquer um que ele escolhesse seria o mais bonito do mundo).
É viver a vida toda tentando ligar o “foda se”, mas apenas conseguir ligar o “eu me importo”.
É perdoar todo mundo, sabendo que irá se magoar outra vez.
É misturar sonhos, verdades, saudades, é ouvir uma música e imaginar o que estava sentindo a pessoa que a escreveu.
É gostar de melodias antigas e tristes, e de vestido de bolinhas rodado com meia calça colorida.
É ter memórias infindáveis quando sente um aroma conhecido.
A sua luta é contra si mesmo, e a mania louca de colocar tudo e todos em primeiro lugar, é se sentir egoísta por ganhar sozinho na loteria, é ter o mar e querer dividir com todos e ficar com um aquário.
É escutar muito antes de opinar, ou melhor, não fazer questão nenhuma de o fazer.
É querer dividir tudo, lágrimas de tristeza, lágrimas de alegria.
O sensível demais não conhece outra maneira de viver: vive para sentir, sente para viver.