Lilian Evangelista

Marcham os homens sobre a terra.
Incertos do que deverão fazer.

Onde está o sua alma, a chama de quem aspira pelos céus, onde está
Permite a corrente, permite a prisão.
Porque homem
Onde está a tua força

Nasceram para voar, mas insistem em rastejar.
Amam a terra, acreditam na premissa "nasceu do pó e ao pó voltará!
Não, homens, digam não!

Assuma o seu papel neste grande teatro chamado Vida!
Deixe de assistir, atue!

Combate a você mesmo criatura, trava a tua luta, vence à você.
Queira a vitória.
Queira o seu aplauso.
Não se contente, não se acomode.
Luta!
Seja o seu general!

Assumem seu trabalho sem colocar nele sua alma, e então se perguntam "Para quê "
Pobres criaturas esses homens, condenados estão a própria derrota, não acreditam, não se acreditam.
Caminham inválidos, cegos, coxos, mudos.

A sua matéria pertence à terra, mas seu espírito é do ar.
Invisível, imutável.
Onde está o seu valor homem

Pois é! O ar era parado, nem brisa existia.
Bom, eu acho que a vida deveria ser bem esquisita.
Não havia a beleza das borboletas dançando, nem as ondas no mar, nem as folhas das árvores balançando, muito menos as nuvens passeando.
Não havia rasantes de passarinhos, nem o assobio entre as janelas, e as cortinas coitadinhas não conheciam a delicadeza de voar.

É disso que você é feito.
Não da massa que morre.
Mas do espírito que triunfa!

E ela girava, girava.
E assim fazendo seu pequeno mundo foi conhecendo a pequena brisa que se formava.
E não demorou muito as borboletas começaram a dançar, e as ondas refrescavam a areia, e as folhas balançavam e caiam, e os pássaros davam rasantes pelo ar.

Diz se que há muito, muito tempo tempo este que não faz parte da nossa história a terra não girava.
Conseguem imaginar a terra sem girar

Palavras que voaram ao vento e viajaram no tempo.
Carregando em si fragmentos da primeira criação.
E as palavras tomaram outras formas, formaram outros seres,
outros nomes, novos perfumes.

Temos em nós a sabedoria das lagartas que trazem em si a essência das borboletas.
Alcancemos os céus!

Onde estamos todos ligados, como uma ciranda
E o início é onde tudo termina.
No começo era o Verbo
a palavra, somente semente!

No começo era o Verbo
A palavra.
E a palavra por si somente se bastava
Somente, semente!
A palavra era a semente.