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Letícia Thompson

Olhe P/Trás!
Está vendo o caminho percorrido
Entre quedas e tropeços, subidas e descidas, momentos bons e ruins, chegamos até aqui.
Vivemos histórias q ñ pertencem a ninguém mais.
Guardamos na memória, fatos q máquina nenhuma no mundo conseguirá revelar.
Fazem parte das nossas lembranças, nossos passos e da pessoa única q somos.
Mas, infelizmente, temos o hábito de guardar cicatrizes do q nos fez infelizes e olharmos como uma lembrança distante e apagada o q nos deu alegria.
É possível ressentir uma gde dor c/gde intensidade, trazendo à tona as msmas emoções vividas, mas como é difícil ressentir do msm jeito, uma felicidade q um dia nos fez vibrar!
O ideal seria inverter as situações.
Guardar na pele e na alma cicatrizes do q nos fez bem e nos lembrar do mal s/mta nitidez.
Guardar das pessoas o lado bom, o bem q nos fizeram e o q de bom vivemos juntos.
Talvez devesse constar c/mais freqüência as palavras perdão e compreensão no nosso dicionário.
De vez em qdo, digo, olhe p/trás!
Mas ñ se volte completamente.
Olhe apenas o bastante p/se lembrar das suas lições p/q estas te sirvam no presente.
Ñ lamente o q ficou, o q fez ou deixou de fazer.
O q é importante seu coração carrega.
Olhe diante de si!
Há esse véu encobrindo o q virá, deixando entrever apenas o q seus sonhos permitem.
Mas existe dentro de vc uma sabedoria de alguém q desbravou alguns anos da história.
Existe dentro de vc, uma força q te torna capaz!
O dia chega insistente como as marés do oceano.
Às vezes calmo, outras turbulento, mas presente sempre.
Vivo sempre.
Cada noite dormida é uma vitória, cada manhã, um novo desafio.
E vc nunca está sozinho, msm qdo se sente solitário.
Tdo o seu passado está gravado em vc, como gravadas estão as pessoas q vc amou.
Levante esse véu pouquinho a pouquinho a cada amanhecer; s/pressa, saboreando a vida como uma aventura, nem sempre como um mar calmo e tranqüilo, mas possível, mto possivelmente vitoriosa.
Construa hj as suas marcas de amanhã.

A gravidez da amizade
Toda amizade é uma história particular.
É uma história de conquista.
Primeiro, descobre se o outro.
Todo mundo parece igual, mas não é.
E é justamente essa coisinha diferente em cada um que torna cada pessoa única.
E de repente ali está a sementinha da amizade fecundada.
A gestação começa.
São pedacinhos de nós que vão ficando nas conversas e pedacinhos do coração do outro que vão caminhando pra dentro da gente.
Há os risos e os sorrisos, a partilha de coisas simples ou de coisas importantes.
As descobertas, cheias de surpresas muitas vezes.
A voz calada que pensa, não diz nada adivinha!
Fazemos idéia imediata de uma pessoa ao primeiro contato.
Julgamos Talvez.
E só os próximos dias, horas ou instantes vão nos dizer se julgamos certo.
Acontece de nos termos enganado em certos pontos e quantas vezes não bendizemos isso! Claro que ninguém gosta de estar enganado.
Mas quando descobrimos um palhacinho por detrás de uma pessoa séria e reservada é maravilhoso saber que pudemos nos enganar.
Se todos os enganos fossem assim abençoados!
A sensibilidade do outro nos toca.
Dá até vontade de chorar.
Não sabemos direito o porquê de nos sentirmos próximos de alguém assim tão longe, tão diferente e tão igual.
Mas amizade, como o amor, não se questiona.
Vive se.
Dela e pra ela.
É preciso dar tempo ao tempo para se saber cativar e ser cativado.
Quando saímos às pressas sempre temos o risco de deixar alguma coisa esquecida.
Mas se tomamos o tempo de olhar bem, refletir, conversar, conversar e conversar e rir e brincar e ficar em silêncio! Se deixamos que essa flor nasça cuidadosa e docemente aos poucos ela vai vendo a luz do dia.
Maravilhando se.
Contemplando o outro com novos olhos, ou nova maneira de olhar.
Tudo vira encanto!
Que o outro ria de mim ou pra mim, mas que ria! Gargalhe, faça festa! Que eu seja nem que seja por um pouco responsável por esse rosto iluminado, por essa vontade de viver e de ver o que virá depois.
Bendita seja essa gestação amiga! Sem prazo, sem tempo, sem hora marcada! Bendita seja essa amizade, prova de que Deus se faz conhecer através das pessoas que alcançam nosso coração.

É um caminho inevitável.
Temos todos, um dia ou outro, de uma forma ou de outra (e geralmente de várias formas mesmo), que viver isso.
Não porque é uma fatalidade do destino, mas porque faz parte da vida.
E cada um de nós vive, mesmo se de maneira dolorosa igual, de um jeito diferente as diferentes perdas pelas quais temos que atravessar.
A pior de todas, é quando alguém que a gente ama morre.
Esse é um sentimento de perda irreparável.
Um amigo não vale pelo outro, um irmão não vale pelo outro e nada no mundo poderá substituir nossos pais.
Tenho uma amiga sábia que diz que “nunca somos velhos o suficiente para ficarmos órfãos.” E ela tem razão.
E mesmo se o tempo aplaca essa dor, sempre vai ficar dentro da gente aquele sentimento indecifrável de vazio.
É a ideia do “nunca mais ver” que dói mais.
E quando esta se une à ideia de não termos feito algo mais, não termos dito algo mais, ainda é pior.
Outra dor de perda é quando a pessoa que se ama se vai.
Nesse caso existe uma mistura de dor de orgulho e dor de medo de se ficar sozinho, muitas vezes porque o que existia não era realmente amor, mas uma dependência emocional do outro.
Dor de orgulho, porque ninguém nessa vida foi feito pra perder.
Dor de ter sido deixado, dor de rejeição, que chega a doer até fisicamente.
Não adianta dizer nesse momento que “quando se perde um ônibus vem dez atrás”, porque a pessoa vai te dizer que o que perdeu era justamente aquele que queria.
Mas quando o tempo cura essa ferida (e o tempo cura todas as feridas! ) e o coração começa a bater mais forte por outra pessoa, aí então a gente esquece.
E ninguém precisa ter medo de ficar sozinho, pois só vai ficar sozinho quem não se abrir a novas possibilidades.
E com isso tudo, o que é preciso mesmo é que aprendamos o sentimento de aceitação.
Não passiva, de se deixar levar.
Mas aquela de quando se sabe que vai se viver o inevitável, de viver isso da melhor maneira possível.
Nenhum de nós está preparado pra isso, mas sabemos que é a vida.
E não deixar que a dor do orgulho possa impedir que vivamos, isso é importante.
Alguém me contou recentemente que sofreu dois anos por ter perdido um amor e depois é que reconheceu que o sofrimento não era realmente de amor, mas do orgulho de ter sido deixado.
Uma vez reconhecido isso, ele deu um passo à frente e encontrou aquela que hoje em dia é sua esposa, que portanto já fazia parte do grupo que conhecia e frequentava.
É preciso muita sabedoria para se tirar a venda do orgulho dos olhos.
Fazer com que os que amamos saibam disso é uma maneira de se preparar a viver diferente a perda, se esta se der.
É preciso dar de si mesmo enquanto se pode.
É preciso evitar o “ah, se eu soubesse” e “ah, se eu pudesse voltar” do futuro.
É preciso oferecer flores enquanto se pode vê las e senti las.
Se você gosta de alguém, diga, demonstre.
Nem todo mundo sabe adivinhar.
Transforme em gestos e palavras tudo aquilo que se passa no seu coração.
Vive muito melhor dor de perda quem sabe que fez a sua parte.
Ainda vai doer, mas de maneira bem diferente.

Nascemos independente da nossa vontade.
Mas a vida é um encanto.
E nos encanta.
Os primeiros risos, as primeiras flores, os primeiros amanheceres, os primeiros anos as primeiras descobertas.
Vamos desbravando a vida e enfrentando o desconhecido maravilhados.
Então vêm os primeiros nãos.
As primeiras quedas, as primeiras decepções, as primeiras lágrimas que não nos impedem, nem por isso, de ir em frente.
Mas um dia o desconhecido, o inexplicável, pode tirar nossa vontade de viver.
As perdas, as grandes, aquelas sem volta que, por mais alto e forte que gritemos, fazem se de surdas.
E a vida perde seu sentido
Os amanheceres e entardeceres tornam se uma e a mesma coisa: enfado.
Nos recusamos a ver a luz do dia, o sol que brilha, a vida que palpita, os pássaros que cantam e as flores que, teimosas, continuam se abrindo em total indiferença à nossa dor.
E é preciso, nesse momento onde queremos parar mas que a vida não pára, é preciso reaprender a viver.
Não aceitamos nossas perdas irreparáveis e absurdas, mas precisamos aprender a viver com elas e apesar delas.
E ver a vida com outros olhos.
Talvez, reconhecer de vez nossa pequenez diante do desconhecido.
E reviver.
A pequenos passos, tímidos, lentos, tal qual criança que ainda não viu nada, mas com a sabedoria dos velhos que já sabem que a vida é um poço de mistérios.
E vamos assim, não importa nossa idade, desbravando novamente a vida.
Vamos sorrir novamente.
Ver a luz do dia, olhar nos olhos dos que ficaram e que estiveram do nosso lado mesmo quando estivemos temporariamente cegos a tudo o mais.
Ver as flores, que nunca desistiram de viver e experimentar o dia a dia, novos gostos dessa nova vida que se oferece a nós.
Tudo pode ter um fim.
Mas todo fim pode ser o início de um recomeço.
E a vida continua linda.
E Deus sabe do que precisamos para nos pôr de pé e Ele nos guia, se nos abandonamos a Ele nessa nova chance de recomeçar.