Nascemos independente da nossa vontade.
Mas a vida é um encanto.
E nos encanta.
Os primeiros risos, as primeiras flores, os primeiros amanheceres, os primeiros anos as primeiras descobertas.
Vamos desbravando a vida e enfrentando o desconhecido maravilhados.
Então vêm os primeiros nãos.
As primeiras quedas, as primeiras decepções, as primeiras lágrimas que não nos impedem, nem por isso, de ir em frente.
Mas um dia o desconhecido, o inexplicável, pode tirar nossa vontade de viver.
As perdas, as grandes, aquelas sem volta que, por mais alto e forte que gritemos, fazem se de surdas.
E a vida perde seu sentido
Os amanheceres e entardeceres tornam se uma e a mesma coisa: enfado.
Nos recusamos a ver a luz do dia, o sol que brilha, a vida que palpita, os pássaros que cantam e as flores que, teimosas, continuam se abrindo em total indiferença à nossa dor.
E é preciso, nesse momento onde queremos parar mas que a vida não pára, é preciso reaprender a viver.
Não aceitamos nossas perdas irreparáveis e absurdas, mas precisamos aprender a viver com elas e apesar delas.
E ver a vida com outros olhos.
Talvez, reconhecer de vez nossa pequenez diante do desconhecido.
E reviver.
A pequenos passos, tímidos, lentos, tal qual criança que ainda não viu nada, mas com a sabedoria dos velhos que já sabem que a vida é um poço de mistérios.
E vamos assim, não importa nossa idade, desbravando novamente a vida.
Vamos sorrir novamente.
Ver a luz do dia, olhar nos olhos dos que ficaram e que estiveram do nosso lado mesmo quando estivemos temporariamente cegos a tudo o mais.
Ver as flores, que nunca desistiram de viver e experimentar o dia a dia, novos gostos dessa nova vida que se oferece a nós.
Tudo pode ter um fim.
Mas todo fim pode ser o início de um recomeço.
E a vida continua linda.
E Deus sabe do que precisamos para nos pôr de pé e Ele nos guia, se nos abandonamos a Ele nessa nova chance de recomeçar.