Leila Míccolis

O peixe no aquário
na varanda em frente ao mar
desdenha: está verde

Infância no campo
brincava nas plantações.
Bonecas de milho.

Árvore sem folha
em invernos rigorosos
parece que hiberna.

Nem tudo são flores
nos meses de primavera.
Voam marimbondos

Ventos exibidos,
que cantam fortes, uivantes,
também desafinam

Meninada ao sol.
Sorvetes se derretendo.
Mar pingos mais doce.

Poema ao mais recente amor
Estar entre teus pelos e dedos,
entre tua densidade,
neste transpirar sob medida
aos teus gemidos.
Estar entre teus trópicos,
entre o teu desejo e o meu prazer;
beber parte de teus líquens e teus rios
percorrendo te da foz até a origem,
e pura a cada amor partir mais virgem.

Sem rodeios:
nos chats,
os fins justificam os mails

Camadas
Ser livre não é manter se
intocável, sem entregas,
nem se dar também, às cegas,
a tudo o que nos agrade.
Ser livre é viver a idade
que sente o nosso querer,
é viver conforme a vida
é sobretudo viver.
E viver é mergulhar
pra emergir com o submerso,
ampliando,a cada dia,
os limites do universo.

No branco polar
urso pra não ser caçado
esconde o focinho.

Coruja, famosa
por excelente visão,
parece usar óculos.

Coruja, famosa por excelente visão, parece usar óculos.

O peixe no aquário na varanda em frente ao mar desdenha: está verde