Ó mãe, regressa a mim.
Embala me no tempo em que os teus lábios rebentavam de ternura.
Ó mãe, ó minha mãe, ó rio de água pura, correndo pelas veias.
Pelo vento.
Ó mãe, que és mãe de Deus, que és mãe de mim e mãe de Antero e de Camões, e mãe de quem lhe faltam as palavras como se faltasse o ar.
E são assim uma espécie de filhos de ninguém.
Abre o teu ventre, mãe.
Acorda.
Vem parir me.
E vem sofrer a minha dor uma vez mais.
Morrer de amor por mim.
Vem impedir me o medo.
Ensinar me a amar a luz dos animais.
Ó mãe, ó minha mãe.
Ó pátria.
Ó minha pena.
Que me pariste, assim, temperamental.
Mãe de Ulisses, de Guevara e mãe de Helena.
E mãe da minha dor universal.