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Hugo Pires

"Ando devagar
Porque já tive pressa
E levo esse sorriso
Porque já chorei demais"
A todos que irão fazer o Exame de Ordem neste domingo, e a mim também (que preciso sempre me cuidar para que meus passos não sejam nunca depressa o bastante para serem desordenados), tenhamos em mente que não importa o resultado no final do dia, mas sim aquele resultado que já alcançamos nesses quase cinco anos de caminhada jurídica e, sobretudo, pelos próximos anos e décadas que temos a trilhar pelo Direito.
Levemos o sorriso para a prova, e para depois dela também, porque a caminhada é longa e "há muitos que esperam que cheguemos para que possam seguir nos".
"Hoje me sinto mais forte
Mais feliz, quem sabe
Só levo a certeza
De que muito pouco sei
Ou nada sei"
Não sabemos tudo, jamais saberemos.
Isso significa dizer que não somos obrigados a sermos aprovados em uma simples prova, porque na prova da vida já estamos disputando a melhor colocação em relação a nós mesmos.
E para aqueles que acham que sabem tudo, eles nada sabem sobre vida, conhecimento, humildade, sabedoria e virtude.
Decorar leis não engloba todas essas outras qualidades que somente o tempo pode nos proporcionar.
"Penso que cumprir a vida
Seja simplesmente
Compreender a marcha
E ir tocando em frente
Como um velho boiadeiro
Levando a boiada
Eu vou tocando os dias
Pela longa estrada, eu vou
Estrada eu sou"
Compreendamos a marcha e sejamos críticos para perceber que o Exame da OAB não mede da melhor forma a nossa capacidade, de modo que há milhares de aprovados que se agarram apenas à sua memória fotográfica, decoradores de leis, mas memória fotográfica não tem som, não fala, não organiza as ideias.
Ir tocando em frente implica na nossa responsabilidade de termos olhos para ver que a estrada é longa, e não se resume a uma prova, apenas.
Há muita gente que irão precisar dos nossos serviços, há muitas vidas que dependerão de nós, por isso sejamos interpretes da lei, hermeneutas, e não meros leitores de códigos.
Afinal, nós somos a estrada por onde passará a Justiça, bem assim as injustiças e agruras do mundo, a depender da nossa capacidade como JURISTAS.
Que venha a 1ª fase da OAB, mas, sobretudo, que venha o destino que planejamos no universo do Direito.
A vida segue, independentemente do resultado de hoje.
Ao infinito e além

DIREITO
Sempre acreditei demasiado na força das palavras.
Sempre acreditei que os nossos pensamentos nos levam aonde quer que queiramos, e que basta ter perseverança para alcançarmos os nossos sonhos, pois o único direito que não nos foi dado é a desistência.
Foi com esses ideais que comecei a escrever esse texto, vez que tenho visto por aí inúmeras chacotas envolvendo estudantes e profissionais do Direito, algo como "por que se chama Direito se está dando tudo errado " ou "Aí você se forma, não é mais estagiário e ainda não passou na OAB, o que você é ", "Por que eu fui estudar Direito! ", entre outras tantas que me fariam ficar nesse parágrafo até o fim da Faculdade.
Amigo leitor, não quero ser falso moralista, tampouco tenho pretensão de convencê lo acerca dos meus erros ou acertos, de modo que às vezes também rio dessas frases, às vezes até as compartilho em tom de gozação, mas eis que descubro a trama ardilosa do desânimo que isso pode causar lá dentro dos ideais, pois se é certo que as palavras têm poder, não ganhamos nada em desmerecer a nossa escolha, ainda que por mera brincadeira.
Lembro me dos primeiros passos que dei na jornada do Direito, a primeira vez que li o art.
5º da Constituição, que, com a ajuda do professor, fez surgir interpretações que não estavam estampadas no texto, mas guardadas para aqueles que se debruçavam sobre elas.
E tantos sonhos que nutria, e ainda nutro, de ser um grande jurista para poder ajudar quem precisa e fazer a diferença.
Sim, pode soar piegas a última frase do parágrafo acima, mas é esse o meu mapa do maroto: "poder ajudar quem precisa".
E é justamente essa meta que a gente vai perdendo no decorrer dos anos, é justamente essa utopia que vai se desfazendo no horizonte enquanto ficamos presos a encarar somente o lado negativo dos desafios.
Vamos nos tornando individualistas demais, pessimistas demais.
Sempre comento com meus amigos, pelos corredores da Faculdade de Direito, que a nossa escolha não é para qualquer um.
É preciso ter gana por vitória para vencer o curso e não apenas cumprir a hora, é preciso ter sonhos para superar a longa caminhada que se apresenta e, sobretudo, acreditar que é possível ser melhor, não melhor que os outros, mas melhor que nós mesmos.
Não podemos deixar essa chama apagar dentro da gente, de verdade, se é Juiz que queremos ser, corramos atrás desse sonho, essa é a hora! Se é Promotor, Desembargador, Ministro, Advogado, Professor, seja lá qual for o sonho que você, leitor, nutre, não o deixe se perder em frases desanimadoras sobre a carreira, porque ao final quem se perde somos nós mesmos, e então seremos apenas mais um
E quanto às respostas para as perguntas do começo do texto ("por que se chama Direito se está dando tudo errado " ou "Aí você se forma, não é mais estagiário e ainda não passou na OAB, o que você é ", "Por que eu fui estudar Direito! "), ninguém melhor que você para encontrá las.
E na mesma toada de Tércio Sampaio, despeço me desse texto para ir às aulas de sexta feira à noite na Faculdade de Direito: “o encontro com o direito é diversificado, às vezes conflitivo e incoerente, às vezes linear e consequente.
Estudar direito é, assim, uma atividade difícil, que exige não só acuidade, inteligência, preparo, mas também encantamento, intuição, espontaneidade.
Para compreendê lo, é preciso, pois, saber e amar.
Só o homem que sabe pode ter lhe domínio.
Mas só quem ama é capaz de dominá lo, rendendo se a ele.”