Hélio Costa Júnior

vazios
minha festa acabou:
pelo chão e sobre as mesas
pratos e copos vazios
de quem comeu, bebeu
e descartou
no teto, no salão e nas paredes
tímidas e desbotadas,
também outros tantos vazios.
vazios que o vazio da sua falta
grosseiramente determinou

comunhão
as lembranças
a saudade
e a música antiga
seu corpinho
o tempo
e a fadiga
você ainda quer briga

prima
eu arrumo a cama
pra você deitar:
você deita e rola
e me desarruma
depois você levanta
se retoca, se arruma
pega a grana e cai fora.
meu corpo sorri,
meu coração chora

feed back
ontem, nosso amor
voltou à estaca zero.
foi dez.

amor gástrico
por falar em paixões
minha vida tem sido
uma diarreia crônica

Toda forma de sonhar alimenta e potencializa o exercício de viver.

gentileza zero
o poste
diante da minha janela
sequer me diz
boa noite.
ainda assim
não consigo lhe ser recíproco
e vos digo:
boa noite senhor.

relaxe
não vou estar em casa
na hora que você chegar
mas a deixo toda arrumada
com pratos e panelas lavadas
e cama com travesseiro
pra você deitar, rolar, dormir
sonhar, sonhar & sonhar

393.02
você foi um dia nublado
no decorrer do verão
não apenas fez chover,
inundou e desmoronou
meu coração

sorte
bem aventurados
os sacizeiros
pois estes
têm duas pernas