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Gustavo Baraúna

"Sempre tive medo de amar, medo de me machucar, e por isso eu construí uma fortaleza, invisível, imperceptível, intocável, inacessível aos outros, e dentro dela, um local onde o meu eu verdadeiro ficava sempre escondido e protegido dos olhares e julgamentos alheios, um local sagrado, que não se abre facilmente aos curiosos de plantão.
Mas que quando se abre, expõe todos os meus segredos e mostra quem verdadeiramente sou.
Uma pessoa que vive em contradição com o mundo interno e com o mundo ao redor.
Já que mesmo cercado de amigos não consegue se abrir de verdade e nem deixa que os amigos se aproximem demais da entrada da fortaleza, e que por isso, vive só dentro de si mesmo.
Enche se de duvidas, de medos e de sentimentos, e guarda tudo pra si, e na angustia por algo novo, continua sempre absorvendo mais e mais.
E que por agir assim, acumula muito sofrimento, muito medo e muita desconfiança, não consegue confiar nem mesmo nos mais próximos, não consegue sequer dizer quanto desprezo tem por alguns, mas que também, não consegue se desfazer deles, que são uma espécie de cordão umbilical, que nutre essa curiosidade sem fim, essa vontade de absorver tudo.
Eu sei que não posso manter isso por muito tempo, e que isso me envenena a cada minuto, cada vez mais.
Nesse ritmo eu irei explodir, não há mais espaço pra tristeza, solidão e medos dentro dessa fortaleza.
Mas não encontro uma maneira para bombear esse veneno para fora, e cada dia absorvo mais e mais, como se fosse a primeira vez que provasse o seu sabor doce.
Sinto que eu vou entrar em colapso, tenho que agir rápido novamente.
Mas não sei o que fazer.
Essa sede, essa vontade de absorver tudo, é minha maior fraqueza e minha maior arma, quando usada no momento certo.
Preciso de uma espécie de filtro, para evitar que eu absorva e acumule mais veneno a cada dia.
Isso me faz forte e conseqüentemente me faz fraco.
No fundo eu não quero que as pessoas olhem em meus olhos e vejam o que sinto.
A minha fortaleza sempre teve boas janelas, com uma película que bloqueia tudo acontece dentro dela.
Mas que capta tudo ao seu redor como um radar super avançado.
Hoje o meu medo não é me machucar, tenho medo que comece a fazer o que realmente eu quero, porque agora eu sei que posso falar o que penso sobre as pessoas, mas para a sorte delas essa minha fortaleza agora tem outro papel, de proteger quem está ao meu redor, de um monstro que tenho dentro de mim.
Não sei quando me dei conta do que havia ocorrido comigo, tampouco sei se eu controlo o monstro ou se sou vitima de minha própria criação, um monstro.
Monstro esse que atende pelo meu nome e que compartilha esse corpo comigo."

Cansei.
De ser certo ou errado.
De ter que agradar sem querer.
De julgar.
De viver os sonhos dos outros.
De sonhar acordado.
De não ter tempo para ficar com os amigos.
De nunca ir onde quero.
De esperar quem não merece.
De pagar pelos erros dos outros.
Definitivamente cansei.
Esperando sempre que as pessoas se inspirem e cresçam, mesmo com o sofrimento do dia a dia.
Mesmo com todos os nossos problemas.
Mesmo com tanta gente contra a gente.
E mesmo com tudo isso feliz.
Sem me irritar.
Sem enlouquecer.
Sem fazer tanta coisa errada.
Sem sentir.
Sem pensar demais.
Sem agir de menos.
Sem tomar decisões importantes precipitadamente.
Sem falsidade.
Sem mentiras.
Apenas indo.
Sem caminho certo.
Sem rumo.
Querendo estar por perto.
Querendo estar aqui e lá, ao mesmo tempo.
Querendo ser o que se não se pode ser.
Querendo não sofrer.
Querendo dormir.
Querendo sonhar.
Querendo acordar.
Querendo tanto te ver.
Se explicando demais.
Se divertindo de menos.
Se machucando atoa.
Se esquecendo.
Se entregando.
Se esforçando por nada.
Se cansando.
Se frustrando.
Se iludindo.
Se maltratando.
Se desvalorizando.
São tantas as coisas, que já nem consigo elencar os fatos que de fato, sobre os caminhos percorridos nessa vida sem rumo, são inesquecíveis, insubstituíveis, indubitavelmente sem comparação.
Não há nada que eu faça que me traga aquele sorriso de novo, que de tão velho, já amarela na boca.
Que escondido sob a mascara, se transforma em prisioneiro, em nada mais que um simples sorriso apagado.
Tentando ver com olhos os fechados, proibidos de ser o que realmente são, proibidos de ver o que realmente importa.
Tentando compreender o mundo, as pessoas e os demais.
Sem motivos para tal, e com razão sem igual.
Tentando sentir o sabor, e saber como seria se fosse tudo isso pra mim.
Tentando definir limites para sentimentos ilimitadamente fúteis.
Fáceis de perceber.
Só não posso dizer que não voltarei.
Que estarei sempre feliz.
Que jamais amarei de novo.
Que não fiz amigos.
Que não desfiz.
E muito menos que eu saiba o que esse texto quer dizer.
Mas uma coisa eu garanto.
Ninguém poderá dizer que esse não sou eu.