Aos poucos me libertei daquele amor exigente.
Nada de desespero por presença, nem tampouco choro por solidão.
Aprendi a me completar com meia dúzia de bons amigos.
Aquela vontade de estar sempre junto ainda existe, mas o abandono tem lá suas regalias: nos ensina a "se bastar".
Me bastei no amor, no beijo, no toque, na presença.
Há tanto tempo não me abraçava de frente ao espelho, e hoje vejo o quão isso é importante.
Aposto que muitas pessoas nunca sentiram tamanha experiência: utilizar os próprio braços, colocar as próprias mãos, cruzadas, sobre os ombros, tombar a cabeça para a direita, fechar os olhos, sentir o próprio cheiro e, além de tudo, sentir se especial.
Nunca foi hipocrisia ser feliz sozinho quando não se encontra alguém "à altura".
Hipocrisia seria aceitar, por mera carência, uma pessoa qualquer, permitindo a ocupar um espaço especial reservado para alguém especial