Os meus sonhos são um refúgio estúpido, como um guarda chuva contra um raio.
Sou tão inerte, tão pobrezinho, tão falho de gestos e atos.
Por mais que por mim me embrenhe, todos os atalhos do meu sonho vão dar a clareiras de angústia.
Dizem que as flores são todas
Palavras que a terra diz.
Não me falas: incomodas.
Falas: sou menos feliz.
“De tanto lidar com o sonhos,
eu mesmo me converti num sonho.
O sonho de mim mesmo”.
(Livro do desassossego Bernardo Soares)
O historiador é um homem que põe os factos nos seus devidos lugares.
Não é como foi; é assim mesmo.
Álvaro de Campos
(do livro em PDF: Aforismo e afins)
DOBRE
Peguei no meu coração
E pu lo na minha mão
Olhei o como quem olha
Grãos de areia ou uma folha.
Olhei o pávido e absorto
Como quem sabe estar morto;
Com a alma só comovida
Do sonho e pouco da vida.
Fernando Pessoa, 1913
O meu olhar azul como o céu
É calmo como a água ao sol.
É assim, azul e calmo,
Porque não interroga nem se espanta