Por que é tão difícil sairmos de nossas zonas de conforto, que podem nem ser tão confortáveis assim, mesmo sob o sol quente rachando a pele, mesmo sabendo que logo ali à frente há promessa de mais alegria e menos frio
Porque ser livre é mérito dos que têm coragem.
Uma conquista dos que rompem o vínculo com a culpa e experimentam suas próprias leis, já que a liberdade é almejada mas também complicada.
Difícil como ter o oceano à frente e não saber o que fazer com ele.
Acreditar no prazer que existe em estar submerso e ter medo de água fria.
Enxergar a beleza, admirar a coragem dos que se arriscam e preferir ficar na areia observando com brandura e pouca bravura.
Esquecemos que somos livres.
Preferimos culpar a água gelada, o vento que chega sem avisar, a sombra que surge do nada.
Esquecemos que dentro de nós tem sempre um sol que aquece, uma água morninha convidando pra um mergulho, uma noite iluminada.
Optamos em ser apenas observadores, sentados em cangas esperando pela vida que acontece de verdade fora de nós.
Enquanto isso, sempre haverão meninos de pele morena rindo ao sabor do mar, nos mostrando que perdemos tempo com previsões, limites, juízos e regras inúteis enquanto a vida escapava gentilmente como areia descendo pelos dedos.
Porém, liberdade não é para amadores, para quem não se conhece.
Ao contrário, é coisa de gente séria, que se arrisca com responsabilidade e tem coragem de avançar e também recuar, de quem percebe a agitação do mar e não vacila com a própria vida.
Pois ser livre não tem a ver com se atirar descontroladamente e sim se conhecer, aprofundar no mistério que habita e entender de si mesmo sem julgar, não apenas surfando na superfície da vida mas sim procurando
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