Retiremos de nós tudo que há um do outro.
Não deixemos nenhum resquício, nenhuma lembrança.
Esvazie as gavetas, rasgue todas as fotos, farei o mesmo.
Apaguemos as memórias, os detalhes, os méritos e os vícios.
Não repita minhas palavras,
Não use meu métodos,
Não siga meus exemplos, pois eu farei mesmo.
Arranque na raiz toda a influência que tenho sobre você,
E eu apagarei suas palavras, seus atos,
Que influenciam minhas decisões e escolhas.
Jogue fora os discos e as letras que lhe apresentei,
Esqueça as receitas,
As fórmulas,
Os conceitos,
A minha filosofia,
Pois eu farei o mesmo.
Quando comer, beber, vestir, trabalhar, criar, não permita que eu esteja em você.
Pois você não me vestirá, e meus hábitos, assim como a minha arte, estarão livres de você.
Lembremo nos de como pensávamos e como evoluiríamos um sem o outro
Como seriamos em família, quais seriam nossos amigos, quem seriam nossos amores
Como seria nossa poesia, nossa rotina, manias, diversões, passatempos
Pensemos de que forma o outro interferiu na nossa trajetória, e neguemos tudo isto.
Sejamos nós mesmos, sem a influência um do outro
Neguemos tudo o que o outro disse ou fez nestes anos
Não aceitemos nenhum poder sobre nossos pensamentos
Não permitamos que o outro continue vivendo em nós
E assim, despidos,
Que cada um olhe profundamente para si.
E não vendo nada que nos lembre do outro,
Então poderemos questiona lo,
Sem condenarmos à nós mesmos