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Fábio Murilo

Luiz Lauro Luiz Lauro era um colega de trabalho.
Fazia parte do centro comunitário da Ilha de Joaneiro, uma favela próxima, onde morava.
PT doente, entusiasta do velho Arraes, ativista.
Pensava até que ele era ateu, parecia.
Entre uma de suas façanhas, Luiz Lauro passou no vestibular e resolveu fazer o curso de Assistente Social na católica, universidade paga.
Paga é paga, e ele descobriu, feita as contas, que o salário não daria, ou já sabia, mas, preferia fazer numa faculdade particular, se possivel.
Ai ele simplesmente fez uma carta ao reitor pedindo que isentasse das mensalidades, já que era uma pessoa pobre, coisa e tal, morador da Ilha de Joaneiro, tinha 3 filhos, coisa e tal e anexou copia do contra cheque.
E é assim, é Ele é de doido, porque não procura uma publica Se fosse assim era bom, a faculdade ia a falência.
Mas Não é que colou, não sei como, o reitor se sensibilizou, deu um jeito.
Outra vez ligaram pra ele, uma operadora de um conhecido cartão de credito, e com toda educação disse que ele estava devendo, não havia pago a fatura tal de um mês tal.
Ele, oxi Procurou em casa, encontrou, devidamente paga e esperou que o importunasse, digo, ligasse novamente.
Quando ligaram, disse que já haver pago.
Eles polidamente, pediram desculpas e solicitaram apenas que ele levasse uma copia pra darem baixa, ele disse não, se vocês quiserem que venham buscar aqui, eu tiro uma copia e dou, não foi eu quem perdi.
Nos dias que sucederam recebeu ameaça pelos correios de SPC, ação judicial, e essas medidas cabíveis nesse caso.
E ele desconsiderou, como eles mesmo recomendam, jogando no lixo.
Mas, cargas dágua, teve um dia que ele foi comprar na C&A com a esposa e na hora de passar no caixa as compras, não pode levar, foi informado que tava sujo na praça, devido ao não pagamento de determinada fatura.
Lauro nem pestanejou, acionou um advogado conhecido do partido e foi atrás do seus direitos, no final, o conhecido cartão de credito foi condenado a lhe pagar 5.000,00 mil reais, isso a mais de vinte anos, o advogado dos poderoso ameaçou levar pra frente, recorrer, chamou pra um acordo, fecharam em 3.000,00 mil reais, mais o nome dele excluído do cadastro.Lauro era um desenrolado mesmo! Teve outra que eu lembro o filho pequeno, numa redação besta de escola disse que desejava ver um avião de perto.
Poxa, pedido de filho E logo o filho de Lauro, no final de semana foi ao aeroporto Guararapes com o filho e procurou o escritório da antiga VASP, e foi barrado no portão pelo vigilante.
Ele disse que o filho só queria ver o avião de perto, o pneuzão, alisar o bicho e sairia, somente, custava nada.
Sem acordo, não pode! Quem ele pensa quem é! (deve ter rolado um preconceito basico, com certeza, além, Lauro um mulatinho enxerido, da ilha de Joaneiro).
Lauro ficou do lado de fora bestando, como quem não quer nada, a rua é publica, lá ninguém manda, por ali e aproveitando que o vigilante deu uma saidinha pra ir no banheiro entrou e foi procurar a assistente social da empresa.
Quando o vigilante descobriu Minha nossa! Entrou na sala e pegou o pelo braço juntamente com o filho e saiu arrastando, enquanto ele gritava: Vou denunciar na Globo! Eita! Traz Lauro de volta! E foi informado que a VASP já tinha um convenio com as escolas, quer dizer, pra um monte de alunos, uma classe inteira de cada vez, não um aluno só, mas, quebraria o protocolo e o filho de Lauro juntamente com ele, fizeram uma viagem de ida e volta a Fortaleza com tudo grátis com direito a filmagem e tudo, feito só acontece no programa do Luciano Hulk.
Super Lauro, um arretado, desenrolado todo! A ultima vez que eu o vi, havia se convertido, era evangélico com a Bíblia embaixo do braço e tudo.

TIA MARIA
Minha tia Maria, uma figura! Um dia minha irmã resolver dar a ela, no seu aniversário, uma televisão pequeninha, que dizer era o menor tamanho na época, daquelas antigas do Paraguai, que só tinha em preto e branco que eu saiba, que os muambeiros traziam.
Minha tia, que morava sozinha e não tinha, agradeceu pela lembrança nessa data querida, mas, disse que não queria A TV era muito pequena, tela deste tamanhinho, coisa e tal, ia querer não, estava muito agradecida pela lembrança, de coração, mas, que ela vendesse, rifasse, mas não ia ficar.
Se ficasse deixaria num canto, não assistiria, não ia ter serventia.
Às vezes, quando eu comento por ai, as pessoas ficam escandalizadas, chegam a perguntar se era ela doida.
Ai eu pergunto o que você faria Os caras dizem: Sua tia não soube nem fazer.
Receberia e guardaria, mesmo não gostando, e daria depois de presente a outro, numa futura festividade igual, de parabéns.
Ai eu pergunto: E se quem presenteou perguntasse depois pela TV Respondem: Ótima! Que imagem, Ô! Todo dia eu assisto, diriam, desenrolados.
(Santa hipocrisia, tia Maria, perdoe lhes eles não sabem o que fazem! ).
Uma vez tia Maria foi morar numa casa alugada na Bomba do Hemetério, dias depois, descobriu que na casa em frente a sua vivia, melhor, vegetava, uma senhora em cima de uma cama, olhos fixos no teto, vitimada por derrame, num estado total de penúria, abandonada.
Ali mesmo fazia as necessidades fisiológicas, imaginem vocês, em cima da cama, tava tudo irritado.
Descobriu que ela tinha parente próximo o marido que já vivia com outra e morava na casa ao lado da sua, o proprietário de sua casa Condoída, tia Maria, procurou o marido da moribunda esposa e propôs cuidar dela em troca da inserção do aluguel e de um prato de comida unicamente, nada mais, era enfermeira inclusive.
Ele aceitou.
Tia Maria passou então a cuidar dela e foi morar na casa em frente.
Passava um pano úmido nas partes, já que ela não podia se locomover ao banheiro, botava talco pra ficar cheirosa, trocava as roupas e ficava ao lado daquele ser inerte,"tudo só quer zelo", dizem.
Até que um dia, como acontece com todos, bons e maus, sadios ou não, vir a falecer, devido as complicações do mal que ao corpo a aprisionava definitivamente.
Uma coisa não se pode negar, tia Maria era uma mulher de atitude e personalidade