DOAÇÃO
Qual tal um fim do dia
Um sol poente
Como perfeita primavera
De luz e de risos
Enfeixadas
Diluídas em festivas cores
Apenas, pequenas açucenas.
E, no gesto,
Aceno sereno pleno
Todo o contido sentimento
E, na alma,
A eterna primavera.
Sim, eu quero um instante, fazer da vida doces
reencontros carregados de versos iluminados e de
poções mágicas para inundar a lua e guardar dentro
dela toda a eternidade.
Abro meus olhos e a felicidade ali permanece como
um mantra pessoal a inundar minha alma e a
enriquecer se com a delicadeza de um sentimento
pleno.
Longe, muito longe, visito o tempo, agarro o
sonho perdido, a dor das saudades e os aromas
esquecidos e abraço o mundo com as mãos
recheadas de esperanças.
MÁGOA
Estendo minhas mãos
Exponho minhas dores
Descubro, desolada, fracionada
Que tudo que a mim importa
Nem sempre, a ti, importa.
Esta é a beleza do recomeço – persistir, permitir e
transformar a vida descorada e fria, de fundo
enevoado, num caminho carregado de desafios para
que possa, novamente, cruzar a soleira do coração.
Amei esse passo estranho que abraço, na
prece, que envolta comigo permanece.
Calcei meus sapatos, andei com as estrelas,
defendi a imagem sonhada, olvidada e –
vivi.
In”Além dos Fragmentos”
LÁGRIMAS
De tanto segurar a vida
De tanto enganar o coração
De tanto poupar a dor
Escondida a emoção se retrai.
Proibida
Perdida
Esmaecida
Como um sussurro no ar
Se dilui
Escapa, sai
Se esvai.
EPITÁFIO
Aqui jaz alguém que fez
Dos sonhos um fio de esperança
Dos desafios os caminhos da vida
E do amanhã desconhecido,
Etéreo espírito
De luzes, versos e rima
Ancorado no infinito.