O TEMPO E A VIDA
A Vida ao Tempo rogou
Que andasse mais lentamente
Mas o Tempo, enfático, negou
Disse que tal dom não lhe pertence.
Então a Vida indagou ao Tempo
A quem pertence tal dom
De fazer ponteiros mais lentos
Dando ao mundo novo tom.
Sábio, o Tempo esclareceu
Que cada um tem o ritmo da vida
Dando a ela o tamanho que escolheu
Pode ser pequena, imensa ou perdida.
E continuou o Tempo, sem mentira:
Um minuto de ternura
Pode ser maior que uma hora de ira
Ou menos que um segundo de bravura.
A bravura pode salvar uma vida inteira,
A ternura pode curar todo um coração,
Mas a ira, a traiçoeira,
È contra a vida, é perdição.
Prolixo, como os que não têm pressa,
O Tempo se empolgou, depressa,
Querendo dar um alento
Para a amiga de tanto tempo.
Pense, querida Vida,
Naqueles que fazem o bem
Em cada minuto da vida
E nos que em si o mal detém.
Pense também, insistiu o Tempo,
Nos que pensam apenas na lida,
E nos que amam o mar e o vento.
Quem em si tem mais vida
E nos que sorriem de toda maneira
Experimentando cada momento,
Contra aqueles em que o lamento
Dura uma eternidade inteira.
Então, querida Vida,
Quem tem mais tempo
Aqueles que vivem a vida,
Ou os que só perdem seu tempo