As lágrimas secaram
Olhando o horizonte, percebo o que vivi,
as dificuldades, os males,
as moléstias que sofri,
que na maioria das vezes
me trazia aos olhos lágrimas,
numa tristeza desleal,
num sentimento infiel.
Aparentemente não sou assim,
pareço alegre, altivo, espontâneo,
feliz em mim.
Mas essa é minha máscara,
meu traje fúnebre,
que esgotando meu sofrimento
me traz outro tormento
de não ser eu mesmo.
As lágrimas secaram,
meus olhos se cerraram
para nunca mais abrir.
Não sou mais aquela criança,
medrosa ingênua,
que não tinha esperança.
Sou um velho arrogante,
que observa o mundo
de sua cadeira de balanço e pensa:
Tudo que sofri foi útil,
me fez assim.