Meus pensamentos são beliscados pelas impressões da vida.
Hoje, o som do bolero me pede para recomeçar.
Recomeço na necessária desconstrução das emoções.
A orquestra celestial – com o Maestro a oriente de um imenso salão me espera com músicas suaves.
Talvez devesse ser assim, raso, límpido e intenso como o leito de um rio.
Porque turvar a água com uma pedrada não significa que ela ficará tão escura que não se possa nela banhar.
(Trecho de O jornalista tardio Doracino Naves)
Deus põe sal na minha moleira para me dar mais juízo.
Um chapéu na cabeça me convém para me guardar do sereno.
Ou, talvez, uma cadeira de balanço para sossegar os meus pensamentos que se afogam nas torrentes de águas.
Uma chuva fina cai sobre a cidade.
No rádio a canção de Gal Costa que fala sobre a poeira do caminho.
Pois é.
O pó das eras também viaja comigo; bem acomodado no meu banco.
Férias, ócio; a monotonia é tediosa e corruptora.
Nada mais perigoso do que o não ter o que fazer.
Nossos pais nos desejam o céu; o mundo o inferno tormentoso.
Mesmo sem saber onde fica a minha casa quero voltar para ouvir o balir dos anjos, ovelhas do paraíso.
Estarei em minha casa quando Deus terminar a crônica da minha vida.
Continuei a caminhar ouvindo os sons do bosque.
Por falar nisso, você já ouviu a floresta crescer Ou o som da crisálida parindo borboleta Você pode perguntar: mas, que som é esse Duvide, mas eu ouço sons quando caminho em volta da mata.(Do livro de crônicas Romanceiro de Goiânia).
Os homens perplexos pela ganância lamberam as mãos da loucura.(Trecho do livro de crônicas Romanceiro de Goiânia Doracino Naves)
No cemitério estão os mortos que já morreram; outros que vão demorar a morrer.
Ainda há os que jamais morrerão: seus feitos construíram a eternidade e serão sempre lembrados.
Seja qual for o processo da criação artística, uma certeza: os artistas são seres especiais enviados para iluminar a existência terrena.