Janela N.º 02
Hoje desci da cobertura,
Estou no porão.
Cá em baixo é escuridão,
A vida é dura!
O tapete de folhas da alameda,
Ainda está no chão!
As cores se foram,
Com o verão.
Faz muito frio aqui,
Meus pés estão no chão.
Os ratos roem as folhas,
São porcos, comem com as mãos!
Os pardais sujam suas cabeças,
Denunciando quem eles são.
E eu olho de minha janela,
De mãos atadas,
Sem ação!
A orquestra está desafinada,
Parece que o Maestro não está perto.
Como a bosta já não é nova,
Vou chamar o João Gilberto.
(Donizete de Castilho, 22.12.2013)