AMBIGUIDADE
Exausto de mais nada me faltar,
impõe me a dura vida o desencanto
de ser o que, talvez – um tanto quanto –
almeje, de mim mesmo, demudar
E pasmem! Vivo assim todo esse pranto
de ser o que não sou, sem me queixar,
talvez por ver, em vão, se dissipar
o amor antes fraterno e hoje nem tanto!
Dimana de meu eu, estranhamente,
o dúbio desprazer, enquanto gente,
de ser e de não ser, destarte nada
E a vida, embora exímia e inspiradora,
sonega me a missão imorredoura
de tê la, enquanto pulse, eternizada.