Como se ela não tivesse suportado sentir o que sentira, desviou subitamente o rosto e olhou uma árvore.
Seu coração não bateu no peito, o coração batia oco entre o estômago e os intestinos.
"Eu te odeio", disse ela para um homem cujo crime único era o de não amá la.
"Eu te odeio", disse muito apressada.
Mas não sabia sequer como se fazia.
Como cavar na terra até encontrar a água negra, como abrir passagem na terra dura e chegar jamais a si mesma
Agora preciso de tua mão,
não para que eu não tenha medo,
mas para que tu não tenhas medo.
Sei que acreditar em tudo isso será,
no começo, a tua grande solidão.
Mas chegará o instante em que me darás a mão,
não mais por solidão, mas como eu agora:
Por amor.
É que, quando amávamos, eu não sabia que o amor estava acontecendo
muito mais exatamente quando não havia o que chamávamos de amor.
O neutro
do amor, era isso o que nós vivíamos e desprezávamos.
in A Paixão Segundo GH.
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