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Clara Furtado

Façamos careta!
Os "para todo o sempre politicamente corretos" que me perdoem (e a si mesmos também), mas eu tenho orgulho da minha porcentagem "desajustada", na verdade tenho é medo de perdê la, onde não existe a neura de provar ser o tempo todo completamente normal.
Não dá! Isso legitima a minha sanidade.
Totalmente louca eu seria se nenhum pouco louca eu não fosse.
O que nos salva dos hospícios de concreto são os nossos pequenos atos diários de disparate no "manicômio vida": um berro pela pressão do dia a dia, um falar sozinha, perguntando e respondendo a si mesma, um cantar inglês sem saber, um grito na cara do afrontador ou mesmo de quem se ama, um choro só, um ataque de riso sem motivo, comer comida esquisita, uma fotografia despenteada, sem maquiagem e publicada às 5 da manha de um dia qualquer, depois de uma noite em claro com a cara nos livros, ou seja lá o que for que nos alivie.
Assumir a parcela humana de loucura, aquela absolutamente normal, nas doses convenientes à saúde física própria e alheia, é estar nos conformes da normalidade, um jeito de encarar a vida com a leveza que ela pede.
Renegar é disfarce para a inquietação que torna o cotidiano, de um jeito negativo, realmente estressante, tenso, doentio e paranoico: pesado.
Aceitemos de bom grado a nossa dose homeopática de “alegria extravagante”.
É merecido, suadamente conquistado em meio a esse desatino que é viver, porque a vida é insana e, se é, só nos resta acompanhar o seu ritmo que, ainda bem, do jeito desvairadamente certo, cada um a seu modo, pode.
Sejamos bobos, ou como quisermos, ao menos só às vezes, ao menos só um pouco, só para facilitar a coisa de ser feliz de um jeito simples.

Aproveite a vida da melhor forma possível.
Ontem era janeiro, rapidamente hoje é dezembro e amanhã novamente janeiro será e assim vai passando, flores, sol, folhas e frio, a vida em forma de estações como prova de que o tempo segue reto, até que, com Fé Naquele, vida e saúde, possamos ver ruga feliz no reflexo do espelho.
Ontem estávamos entre brinquedos e imaginação, hoje estamos entre faturas e códigos de barras, responsabilidades e tão somente realidades que têm que ser encaradas sempre com coração de gente grande, não com a doçura da infância.
Ontem a alegria estava mágica e facilmente no carrinho ou na boneca, no sorvete e no algodão doce, hoje essa alegria e felicidade parecem muitas vezes distantes e difíceis de alcançar.
Mas mesmo não estando mais na caixa de brinquedos e no passeio do parque, não se pode esquecer jamais de querer e buscar sempre e da melhor forma possível ser feliz com o que podemos, amando quem nos ama, brincando como criança, aproveitando muito bem a riqueza dos detalhes, ganhando dinheiro para gastar com felicidade realmente agradável e sadia, não para causar desgaste e infelicidade nem própria e nem alheia, e nem guardando para onde não podemos levar, sorrindo sempre que possível, se erguendo e aprendendo nas quedas, vivendo.
Essa vida é bem rápida para a gente desperdiçá la com o que não valha a pena, não conduza à nossa felicidade, não faça bem ou não compense o nosso esforço e cada suspiro nessa nossa passagem por aqui.
Aproveite da melhor forma.