Um dos meus amigos tem cicatrizes de navalha ao longo de todo o seu braço esquerdo.
O outro enfia baldes de comprimidos pra dentro de uma massa de barba preta.
Ambos escrevem poesia.
Tem qualquer coisa em escrever poesia que leva o homem pra beira do abismo.
O que eu odeio é que algum dia tudo se reduzirá a nada, os amores, os poemas.
Acabaremos recheados de terra como um taco barato.
Que coisa mais triste, tudo é tão triste a gente passa a vida inteira feito bobo pra depois morrer que nem besta.
É, eu sou o herói, o mito.
Sou o não mimado, o que não se vendeu.
Minhas cartas são vendidas por 250 dólares lá no leste.
E eu não consigo comprar um saco de peidos.
"Há um pássaro azul no meu coração que
quer sair
mas eu sou demasiado duro para ele,
Eu digo, fique aí, eu não vou
deixar ninguém ver
você.
"