Dar (o poema)
como dar se de corpo inteiro, como quem divide
pão amor dúvidas certezas
como quem comparte com doçura
de igual para.
Os EU nos fazem NÓS "
E assim somos amor e
somos ódio
paixão e tédio,ciúme
riso e dor
que as vestes da alegria e da tristeza
se alternam ao sabor das circunstâncias
e enquanto a vida se enreda e
desvencilha
somos apenas personagens de nós mesmos "
Do livro DE ADEUS E BORBOLETAS (1985)
Em vão colher o tempo na semeadura:
sou chão de lavas não de florescer.
Inútil a primavera no teu rosto
inútil o gesto de reter as borboletas.
As coisas só me chegam com gosto de adeus."
Às vezes tenho saudades de mim e me recrio
nas minhas constantes mutações; ontem fui flor e amarela.
Mas agora me chegam estes ares de vésperas
este desejo de adormecer
esta vontade de estar estando tanto
que se eterniza o gesto provisório "
Do livro PARTITURA SEM SOM (1983)
Tenho medo: inauguro o desconhecido
Se não me conheço
não me explico "
Do livro VERDE VIDA (1976)
Verde Vida
Ver a vida (verde)
Ver (ferida) a vida
ferida ver a vida (ferida)
ferida de verde ver a vida
Verde e Viva ver a vida."
Poema em Solidão nº7
Agora longe (agora perto)
Somos
em solidão.
Agora sós / agora ilhados
em nós mesmos debruçados,
nos perguntamos sobre nossos sonhos
mortos, e no entanto vivos
ramo decepado e florido
em nossas mãos "