A sociedade, a família e o homem expiam incessantemente a culpa do homem, da família e da sociedade.
A felicidade é um engano providencial que nos alimenta na alternativa do desejo e do desengano.
É uma amiga cruel que nos foge com a esperança, apenas os lábios sentem o travo do absinto que a taça do prazer esconde.
Há desgraças inconsoláveis, se outra vida não preluz ao homem que, inventariando as consolações deste mundo, apenas uma lhe vê sorrir: a morte.
As pessoas desventurosas, se a desgraça lhes dá tréguas, estranham por tal forma a variante da sua sorte, que recorrem ao sobrenatural para explicá la.
Homem que pensa, que estuda, que trabalha debaixo da influência tenaz de uma ideia, que cisma na imortalidade que pode dar lhe a ciência, ou no dinheiro que pode dar lhe um livro, tal homem só serve para marido depois que o reumatismo lhe faz ver o celibato à luz da higiene.
A felicidade, à custa de lágrimas alheias, é uma traição aos nossos gozos: é um licor saboroso em taça de prata, com fezes no fundo, fezes que afinal somos obrigados a tragar.
Em boa paz com teólogos e filósofos, a mim se me afigura que o homem é um composto de grandeza e pequenez, uma dualidade de gigante e de pigmeu.